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Quer ser um faixa-preta feliz? As 7 dicas de Luiz Dias (GAS JJ)

Luiz Dias durante aula na GAS Jiu-Jitsu, em Laranjeiras, RJ. Foto: Ilan Pellenberg/Divulgação

Professor da Geração Arte Suave (GAS Jiu-Jitsu) em Laranjeiras, nosso GMI Luiz Dias está sempre refletindo sobre diferentes aspectos do Jiu-Jitsu. Entre uma manhã de surfe e uma noite de muito treino, o faixa-preta carioca distribuiu a pedido de nossa equipe suas principais lições para ser um lutador feliz e saudável. Confira e bons estudos.

1. Não ignore seus medos

O medo é da natureza humana, e a mente do faixa-preta de Jiu-Jitsu aprende que o sentimento tem desdobramentos positivos. O medo sinaliza nosso ponto fraco, e com isso aponta os aspectos que devem ser trabalhados nos treinos. Teme sofrer alguma agressão? Destrinche suas defesas com seu professor. Sente medo de tomar uma queda? Intensifique os treinos em pé, não corra deles. Seu ânimo muda quando surge aquele ou aquela colega de treino que complica seu jogo? É exatamente contra ele ou ela que você deve procurar treinar.
Seu único temor deve ser o de ficar imobilizado, estagnado. Para o faixa-preta, o medo de perder faz você vencer.

2. A saúde é sua maior conquista

O uso de substâncias para turbinar o desempenho é tão velho como a humanidade. Há 4 mil anos, camponeses chineses tomavam chás com efedrina para produzir mais; gladiadores também eram servidos com ervas, óleos e beberagens antes dos combates. O problema, hoje, é que as substâncias são cada vez menos naturais e podem trazer prejuízos à saúde irrecuperáveis, como males cardíacos. O bom faixa-preta sabe que o Jiu-Jitsu é uma filosofia que busca preservar nossa qualidade de vida física e mental. Procure bons nutricionistas, e fuja dos atalhos e da obsessão cega pelo corpo musculoso.

3. Ensinar é liderar

Certa vez, num campeonato, vi um pai berrando muito com o filho que havia acabado de ser derrotado. A criança só ouvia ofensas do pai. Fui até o pai numa boa e aconselhei: “Por que não compete na sua categoria e mostra ao seu filho como se faz?”. Não dê esporro ou distribua humilhações aos menos graduados, dê o exemplo e colha os frutos depois.

4. Atenção evita contusão

Jiu-Jitsu é saúde, como já escrevi. Nos treinos, procure ajustar a posição e dar a pressão certa para dar tempo do seu companheiro de academia bater. Já quando você for submetido a alguma finalização, persiga a consciência e a humildade em saber que não há mais saída daquela posição, e dê os três tapinhas. Lembre-se: a lesão não compensa, e quanto mais colegas lesionados, menos parceiros de treino você terá. Desista na hora certa e continue com as articulações perfeitas para treinar mais, estudar as falhas e voltar mais afiado para a próxima.

5. Humildade & respeito

Qual para você é a maior qualidade de um faixa-preta? Para mim, é o respeito e a humildade que o bom faixa-preta costuma ter o tempo todo em relação ao oponente, e que é transportado para a vida pessoal. Ao observar um oponente ou recém-chegado à academia, como você o vê? Um atleta pode ser mais forte ou mais baixo, não importa: o Jiu-Jitsu está dentro de cada um de nós, e a arte se adapta às nossas limitações e qualificações. A cor da faixa? As faixas mostram o tempo de treino de cada indivíduo, e não quem vai ganhar. O kimono da pessoa está mais novo ou mais gasto, ou cheio de patrocínios? São apenas kimonos, em etapas diferentes.

6. Esvazie a mente a cada aula

Muitas vezes, a dificuldade em aprender e fixar novidades está ligado a um pré-julgamento que todo ser humano naturalmente faz ao observar uma coisa nova. “Ah, isso já vi no YouTube”, “Já testei e não é para mim”, etc. Essa resistência mina seu treino e aprendizado, e é de certo modo um desrespeito ao seu instrutor, que não ensinaria algo inútil. Um mestre chamado Shunryu Suzuki costuma repetir: “Há muitas possibilidades na mente do principiante, mas poucas na do perito”. É preciso esvaziar a mente para aprender novos golpes e evoluir. “Esvaziar a mente” é uma técnica ancestral muito útil para quem deseja ter a mente aberta e receptiva a novos conceitos, ideias e propostas. Somente com a mente aberta você poderá aprender e criar novas rotinas, e novas técnicas. Quanto mais você estiver disposto a aprender e testar movimentos e golpes, mais estará desenvolvendo a sua mente para os detalhes, e para traçar combinações e finalizações que vão surpreender a todos – especialmente você.

7. Seja um faixa-preta 24h por dia

Para vermos nosso esporte alcançar o patamar que merece, o professor e o graduado precisam dar, isto é, ser o exemplo. E isso significa sermos coerentes com o que pregamos – 24h por dia. Não importa se estamos no tatame, na praia, estádio ou num churrasco. Com a consciência da responsabilidade que todo faixa-preta tem, é simples aceitarmos que nossos atos serão sempre associados à nossa imagem de faixa-preta de Jiu-Jitsu. E isso inclui o que escrevemos e postamos nas redes sociais também. Adote uma conduta coerente com o que ensina no dojo, e ajude o esporte a ter uma imagem positiva.

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