Texto: Arthur Turô*
A prática de esportes é classificada como benéfica ao desenvolvimento das crianças, e isso todos sabemos por inúmeras pesquisas e constatações empíricas. Mas, será que uma arte marcial marcada por brigas entre gangues e academias rivais, altamente vinculada à violência na década de 90 (e ao estereótipo dos ‘pitboys’), seria capaz de trazer algo benéfico ao desenvolvimento infantil?
O Jiu-Jitsu passou por inúmeras fases até se consolidar hoje como a arte marcial que mais cresce no planeta. Começou com os desafios a outras artes marciais no século passado (em 1925, aproximadamente), até o estabelecimento e afirmação como nova arte marcial aprendida e posteriormente modificada.
A arte foi absorvida diretamente de um japonês professor (e lutador profissional), com nome Mitsuyo Maeda, e desenvolvida e adaptada tecnicamente pela família Gracie. O estrelato veio quando um membro da família, franzino e sem características atléticas, de nome Royce Gracie, venceu três oponentes de outros estilos – com quase o dobro de seu peso, em combates sem tempo e sem regras – na mesma noite. Esse fato teve grande visibilidade, pois aconteceu nas disputas televisivas de artes marciais estilo contra estilo do hoje mundialmente famoso evento UFC – Ultimate Fighting Championship.
Atualmente, o Jiu-Jitsu é reconhecido como a principal e mais eficiente arte marcial de combate homem a homem (em treinamento de exércitos e grupamentos policiais inclusive) pelo mundo todo. Países como os Emirados Árabes, por exemplo, incluíram o esporte na grade escolar curricular, dando tanta importância ao Jiu-Jitsu como à Física, Química, História ou Matemática.
A pergunta que nos resta é: o que esses países viram na arte marcial brasileira, que fez com que quisessem expor suas crianças desde cedo (fase pré-escolar) a ela? Se fosse preciso responder essa questão com uma frase, eu responderia: o aprendizado de VALORES.
O triângulo bio-psico-social no Jiu-Jitsu Gracie
A abordagem e o desenvolvimento da criança dentro da arte marcial Gracie Jiu-Jitsu, acontece de uma maneira holística, ou seja, levando sempre em consideração o indivíduo como um ser completo, em todas as suas necessidades: biológicas, psicológicas/emocionais e sociais.
O Jiu-Jitsu Gracie pode ser aplicado em crianças á partir dos 3 anos de idade. Nessa fase de aprendizado, baseados pelos estudos e idades de aprendizagem da Pedagogia, os treinos são muito mais lúdicos, focando em brincadeira que promovam o desenvolvimento motor, a disciplina e entendimento de regras de boa convivência social, o aprendizado do significado da figura de um professor e do senso de hierarquia, assim como o ganhar e perder; entra aqui também a significação da palavra NÃO.
Benefícios como o aumento do gasto calórico e a ajuda ao combate da obesidade infantil (crescente nesta geração e proveniente de maus hábitos alimentares somados ao desenvolvimento tecnológico na área de diversão – video games, seriados, youtube, etc), também tem sido muito relatados por pais e responsáveis que têm optado por matricular suas crianças em nossas escolas.
Outro benefício que temos constatado em nossas crianças é o de prevenção á violência infantil que mais cresce no planeta atualmente: o BULLYING. Os alunos aprendem desde muito jovens a se colocarem perante outras crianças como solícitos e úteis, mas nunca passivos. São abordados casos reais de alunos sobre violência infantil e estudadas soluções, envolvendo desde o comunicado a um adulto presente até imobilizações visando neutralizar – sem agredir – o valentão em questão.
Com isso, percebemos a melhoria em pontos muitas vezes não externalizados pela criança em sua casa, como a timidez e o embotamento emocional, promovendo o aumento da auto-estima e a melhora do convívio nos ambientes sociais. Além disso, uma vez que a criança reage e vence a violência, torna-se um referencial em seu meio para os demais colegas que sofrem a mesma situação.
Portanto, com tantos benefícios a nível social, físico, psicológico e emocional, não é difícil entender o crescimento da prática do Jiu-Jitsu desde a infância. E tudo isso é construído e conquistado de uma forma muito leve e divertida, sempre em parceria com os pais e com a escola, usando o esporte como ferramenta para o crescimento dos pequenos. Portanto, se você quer proporcionar a uma criança algo que vá realmente fazer diferença para ela: experimente o Jiu-Jitsu. Os benefícios vão muito além do tatame e duram uma vida inteira.
*Arthur Turô é faixa-preta de Jiu-Jitsu e nosso GMI,
líder das academias Gracie Barra Vila Prudente e Aclimação