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De onde veio a saudação “oss” nas academias de Jiu-Jitsu?

Você sabe por que o povo fala “oss” na academia? Confira, neste artigo publicado recentemente em GRACIEMAG, três teorias, e entre no debate.

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goku

Entre as coisas que mais me divertem certamente está assistir ao anime ou desenho animado “Dragonball”. Recentemente comecei a acompanhar o “Dragonball Super” e, como de costume, dou preferência para ver com legendas em português e áudio original em japonês. Quem gosta de ver dublado certamente vai se lembrar de umas das frases emblemáticas do guerreiro mais forte do mundo, “Oi, eu sou Goku”. Porém, você pode não saber, em japonês a frase dita é “Ossu, ora Goku”.

Para quem é praticante do Jiu-Jitsu esta apresentação do sayajin soa muito familiar, uma vez que tornou-se popular o uso da expressão “oss” dentro dos dojôs.

Há anos me preocupo em entender as origens desta expressão, e tenho pesquisado um bom material. Sem querer me alongar demais na parte gramatical, os kanjis (os desenhos que formam as palavras em japonês) para “ossu” são formados pelas representações das palavras “campo”, “mão”, “coração”, “faca” e outras coisas mais, que somados dão ao todo um significado de suportar, ser resistente e ter compromisso com o que faz.

Ou seja, quando você diz ossu, está se comprometendo a suportar, dar o melhor de si, superar desafios, assim como Son Goku em suas muitas batalhas. Mas como isso foi entrar nas academias de Jiu-Jitsu? Minha pesquisa me levou a três teorias.

A primeira teoria remete à expressão ossu como herança do karatê tradicional, mesmo não sendo falado em Okinawa, o berço desta arte marcial. Alguns sustentam que a palavra teria se perdido na exportação do karatê, originário na dinastia chinesa Tang, para o Japão, mas isso carece de certificação.

A segunda teoria, a qual eu acredito ter mais embasamento, é que o ossu se tornou a forma retraída de Ohaiyo Gozaimasu, que literalmente significa “é cedo”, mas é comumente usada para se dar “bom dia” no Japão.

Dentro desta linha de pensamento, um importante linguista japonês de nome Mizutani Osamu, da Universidade de Nagoya, fez um interessante experimento. Ele saiu cumprimentando pessoas aleatoriamente nas ruas com a frase Ohaiyo Gozaimasu e ouvia como resposta a mesma frase das pessoas que aparentavam estar mais tranquilas. Porém, os mais apressados retribuíam com a frase resumida “ohaiyo” e outros apenas com “oh-su”. Se pensarmos que Goku usa a expressão para se apresentar, me parece esta a teoria mais adequada.

Por fim, a terceira teoria tem como base o militarismo japonês durante a Segunda Guerra Mundial. A ideia era ter uma espécie de grito de guerra, como os Marines americanos, que tinham o “Oorah!”. Essa introdução no militarismo japonês provavelmente se deu com a influência de artistas marciais que já utilizavam a expressão “Ossu!” em seus treinos. Com o fim da guerra e a desmilitarização japonesa, muitos desses ex-combatentes passaram a ensinar artes marciais em faculdades, escolas e academias, o que teria popularizado a expressão.

Dessa forma o ossu é parte integrante de algumas artes marciais japonesas e Goku é um desses adeptos. Mas no Ocidente a expressão começou a perder um pouco do seu caráter original, sendo usada nas academias para dizer “olá”, “adeus”, “entendido”, “sim”, “obrigado” e “desculpe”.

O porquê do ossu ser tão falado dentro das academias de Jiu-Jitsu hoje é uma missão ainda mais difícil de se descobrir. Sabemos que no judô esse costume não é tradicional. Teria um karateca adepto do MMA ou outro japonês levado a saudação para as academias de Jiu-Jitsu? Pode ser.

Seja como for, goste você ou não o oss está aí, presente em quase todas as academias da nossa arte. Alguns mestres são contra, outros são a favor e muitos não ligam. Fato é que a coisa mais tradicional do Jiu-Jitsu brasileiro é justamente a renovação constante nessa maravilhosa arte marcial.

E você amigo leitor fala ou não fala “oss” em sua academia?

>>> O autor do artigo, Willian von Söhsten, é colaborador de GRACIEMAG e formado em jornalismo e direito, com pós-graduação em semiótica. É faixa-preta de Cícero Costha e professor de Jiu-Jitsu na academia Team Nogueira, em Ribeirão Preto, SP.

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