No último domingo em Barueri, durante o Brazil National Pro, peneira que deu pacotes aéreos com tudo pago para lutar nos Emirados Árabes, o público aplaudiu veteranos e novatos do Jiu-Jitsu. Entre as faixas-pretas, Monique Elias confirmou o status de estrela, ao vencer o absoluto.
A caminho do título, Monique colidiu com a fera Bia Mesquita, da Gracie Humaitá. A vitória foi por duas vantagens, depois de um duelo técnico de raspagens e botes no pé.
Para ficar com os 500 dólares de premiação, a esposa de Mario Reis pegou o braço de Luana Gomes (Ribeiro Jiu-Jitsu) na final do aberto.
A atleta da Alliance, contudo, não conseguiu repetir o feito na categoria até 75kg, ao duelar com Talita “Treta” Nogueira.
O que Monique aprendeu nessa campanha recheada de emoções? GRACIEMAG foi descobrir.
GRACIEMAG: Foi seu primeiro torneio como faixa-preta de Jiu-Jitsu. Você confiava na vitória?
MONIQUE ELIAS: Eu na realidade já tinha lutado contra algumas das meninas no ano passado em Abu Dhabi – na seletiva com a Talita e no evento principal com a Bia. Mas de fato na faixa-preta, um erro pode ser fatal. O nível é cada vez mais profissional. Fiz quatro lutas no domingo, e a mais difícil foi a final da categoria, com a Talita. Cometi um erro no início e não consegui mais repará-lo, me custou caro. Mas foi um aprendizado. Respeito muito a Talita como adversária, pela excelente atleta que é. Ela foi melhor. Agora tenho de focar no meu erro e aprender com ele. Vou estar melhor em Gramado e buscar o título.
Como analisa sua vitória contra a Bia Mesquita, na semifinal do absoluto?
Fiquei feliz de ter vencido. Quem assistiu deve ter se divertido. Foi uma questão de estratégia, ambas têm guardas muito boas, e eu queria me testar por baixo. Ela ficou chateada e disse que a arbitragem errou. Não concordo, e mesmo que os três juízes tivessem errado, uma vantagem a mais não resolveria o problema: eu estava com duas vantagens, feitas de maneira clara. Esperava uma atitude mais madura da parte dela, que é uma atleta de ponta e está há bastante tempo competindo. Lembro-me de ter ido para o meu primeiro campeonato de faixa-branca e lá estava a Bia fazendo a final de faixa-marrom. Enfim, consegui colocar meu jogo e acho que fiz uma estratégia melhor. Lutei pra frente e me senti confortável.
Onde você acha que errou na final da categoria até 75kg, contra a Treta? O que faltou?
Inteligência. Demorei a puxar e quando eu me dei conta, demorei a raciocinar que seria melhor ter ido para cima. É aquela coisa que dizem da faixa preta: um erro pode ser fatal. E foi. Perdi por duas vantagens. Até mesmo quando venço eu aprendo. Fico repassando as lutas na cabeça, criando variações e posições que poderiam ter sido feitas. Lembro que eu nunca me vi preparada para trocar de faixa, sempre foi um empurrão do Mario (Reis, marido e professor). E isso me faz correr atrás do conhecimento. Apesar do Jiu-Jitsu ter dessas coisas de que nunca saberemos o suficiente, eu sempre busco melhorar. Já treinei com tanta gente boa, que costumava sair dos treinos pensando: “Nossa! Tenho tanto para aprender”. Por isso me dedico muito. Eu amo o que eu faço e quero realmente um dia ser a melhor do mundo.
Como funciona seu treino para deixar a guarda melhor?
Treino como foco na minha dificuldade. Como sempre fui guardeira, me sinto confortável fazendo guarda. Então treino muito a passagem. Mas o Mario tem uma guarda fenomenal e passa isso aos seus alunos. Aprendo muito vendo o Mario rolar também. Eu gosto de me alongar bastante e faço diversos exercícios de perna para deixar forte. Sou apaixonada por outros esportes também: bike, wakeboard, snowboard, roller, skate, e claro, minha preparação física com o Wagner Zaccani, que é preparador da seleção brasileira de judô.