Na faixa-marrom do Brasileiro de Jiu-Jitsu, encerrado nos últimos minutos do campeonato, no domingo, não teve para ninguém. No feminino, a rainha absoluta foi mais uma vez Monique Elias, esposa de Mario Reis. No masculino, o campeão foi o meio-pesado Guilherme Augusto Santos, também da Alliance, que havia ficado com o bronze no peso. Na final do aberto, Guilherme fez um lutaço e venceu a pedreira Patrick Gaudio (GFTeam), campeão brasileiro no peso pesado.
Monique Elias, 24 anos, conversou com o repórter Vitor Freitas sobre as conquistas no peso médio e no absoluto.
GRACIEMAG: Você aprimorou algo para lutar o Brasileiro, Monique?
MONIQUE ELIAS: Eu parei de fazer corpo mole no treino. Estava fazendo no máximo dois treinos duros por dia, e desde que cheguei de Abu Dhabi pedi para o Mario me exigir mais. Queria fazer todos os treinos bem duros, sofrer mais antes para me sentir mais preparada para o campeonato. Antes eu brigava com o Mario quando ele exigia demais de mim. Caí na real agora, e decidi que tenho de treinar mais, dar meu melhor sempre! Agora quando ele me coloca para rolar mais solto, ou com as meninas menos graduadas, eu já faço cara feia. Quero estar bem treinada para enfrentar quem quer que seja.
Como foi a vitória sobre a pedreira Gláucia Braga (GB), na final da categoria?
Eu nunca tinha lutado com a Gláucia. Estava um pouco apreensiva, pois não fazia ideia de como era o jogo dela. Eu só sabia que ela era uma menina experiente. Achei a Glaucia muito dura. Puxei para a guarda, raspei e acabamos caindo na meia-guarda. Então abracei a cabeça e ganhei a vantagem. Glaucia se ajeitou na meia-guarda profunda e fiquei mais travada. Como faltava um minuto para acabar, optei por ficar ali mesmo. Preferi garantir a vitória por pontos, do que arriscar uma finalização.
Depois você venceu o absoluto. Como foi?
Fiz duas lutas e finalizei as duas. O nível das meninas está cada vez melhor. As duas lutas que fiz no absoluto foram muito duras. Fiquei feliz de ter feito um bom campeonato, eu estava me sentindo um pouco para baixo depois de um mau desempenho em Abu Dhabi. Isso me ajudou para consertar alguns erros.
E qual foi o detalhe do triângulo na peso pesado Samella Leite (Ribeiro) ali na final do aberto?
Puxei para a guarda e ela ditou o ritmo passando. Consegui encaixar o triângulo, seguindo as instruções que o Mario estava gritando para mim. Fui ajustando o golpe e acabei finalizando. Eu já tinha lutado com a Samella na seletiva de São Paulo. Ela é uma atleta muito boa também.
Agora seu próximo compromisso é o Mundial da IBJJF, na Califórnia, no finzinho de maio. Se vencer lá, a faixa escurece de vez?
O absoluto vai estar muito difícil. Com certeza vou dar meu melhor nos treinos, que serão no camp do Rubens Cobrinha. Todas as meninas com quem já fiz final de absoluto estão hoje de faixa marrom. Será o maior desafio da minha vida até agora. Sobre a faixa-preta, o Mario não comenta. Eu já tentei tocar nesse assunto, mas ele não fala comigo sobre isso. Diz que não interessa o fato de eu ser esposa dele, em matéria de Jiu-Jitsu sou aluna, e todos sabem que não se fala sobre faixa com professor.
Você acha que está pronta?
Olha, eu ainda não me sinto preparada para competir no mais alto nível. Tive a oportunidade de lutar com atletas faixas-pretas em Abu Dhabi e senti que a diferença entre as faixas coloridas e a preta é que todas as lutas de preta são muito duras. Sempre ouvi isso do Mario, e só tive a oportunidade de sentir isso na pele agora, nos Emirados. Mudei meus conceitos sobre o nível da faixa-preta feminino. Nós estamos cada vez treinando mais, nos dedicando e conquistando nosso espaço. Hoje todas têm condições de serem campeãs, então vou usar isso de motivação para treinar mais e mais antes do Mundial. Sem ligar para a faixa. Só quero continuar me dedicando para conquistar meus objetivos.