“Comecei minha paixão pelo Jiu-Jitsu em 1996, quando um amigo de colégio, o hoje faixa-preta Douglas Ladislau, começou a treinar e a falar sobre luta. A partir dali, comecei a reparar no pessoal de orelha inchada nas ruas de São Paulo. Mas, com quatro irmãos em casa, eu ainda não tinha como conseguir grana para comprar um kimono e me matricular numa academia.
“Em 2003, tive enfim minha primeira experiência no dojo, mas não consegui permanecer, pois ainda era caro. Até que em 2010, com 26 anos de idade, comecei a treinar a sério, com o professor Diego Cristóvão, aparecendo nos treinos duas a três vezes por dia. O Jiu-Jitsu me salvou, pois eu andava numa rotina de noitadas sem rumo, sem objetivo nenhum na vida e muitas garrafas de álcool derrubadas. Era hora de buscar um propósito: era hora de me tornar um faixa-preta e abraçar uma vida saudável, antes que fosse tarde.
“Em 2012, dei sorte de ajudar um amigo, o professor Pedro Melo, ao editar um vídeo para ele. A equipe do GRACIEMAG.com curtiu o vídeo e começamos uma colaboração que segue até hoje. Eu era faixa-azul ainda, mas já estava apaixonado pelo Jiu-Jitsu.
“Após ter a chance de cobrir alguns dos maiores campeonatos de luta do planeta, como o Brasileiro, o Sul-Americano e o ADCC, pude trabalhar para grandes professores e campeões mundiais de diversas escuderias, como Fabio Gurgel, Marcus Buchecha, Romulo Barral. Organizador de eventos, Cleiber Maia um dia me indicou para que eu fosse fotografar meu primeiro torneio no exterior, pela SJJIF, do faixa-preta João Silva.
“Ser competidor e fotógrafo me permitiu ver muitas técnicas eficientes e detalhes do Jiu-Jitsu da primeiríssima fila. Da beirinha do tatame, consegui entender mais sobre as regras cheias de minúcias do nosso esporte. Pude perceber a diferença de pegadas e ganchos de um lutador para outro. E consegui adaptar vários desses ensinamentos ao meu jogo, e à arte de fotografar.
“Com o professor Fabio Gurgel, ainda, aprendi a encarar o Jiu-Jitsu com seriedade, como meio de vida, e não apenas como um hobby qualquer. Aprendi a ter uma postura mais profissional em relação ao esporte, e a acreditar em mim.
“Nos mais diferentes campeonatos, vi lutadores levinhos despachando gigantes, vi atletas surdos se superando e ex-donas de casa virando guerreiras. Pude, por fim, perceber como os campeões se comportavam antes de entrarem em ação, atitudes e modos de agir que procuro passar para todos os meus atletas.
“E, talvez a lição principal: percebi, nestes anos todos, como o Jiu-Jitsu é capaz de mudar a vida de crianças, de adultos, de pessoas com limitações físicas e até de senhoras e senhores de 70 anos.”
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