Nosso GMA Rubens Charles Maciel, o Cobrinha, voltou aos trabalhos na nova academia na Califórnia, após a medalha de bronze no Mundial 2011 – sua primeira na faixa-preta peso-pena, onde acumulava quatro ouros e uma prata.
Mesmo feliz pelo hexacampeonato mundial da Alliance com larga margem de vantagem (127 pontos), o superastro também fez críticas, analisou suas lutas e, claro, a derrota para Augusto “Tanquinho” Mendes, por 4 a 2, na semifinal (queda e raspagem contra raspagem). O (bi) campeão foi Rafael Mendes.
PREPARO:
“Eu me senti muito bem na minhas lutas, estava bem preparado para lutar com qualquer um. E é isso o que imagino que todos os lutadores devem fazer, claro. Ao mesmo tempo, isso me leva a fazer uma pergunta que a cada campeonato eu repito a mim mesmo, e que talvez você consiga me responder. Se todos treinam exaustivamente para se aperfeiçoar e enfrentar qualquer adversário, por que tantas lutas travadas? Lutas sem movimentação contrariam o próprio objetivo e a filosofia do Jiu-Jitsu, que é buscar, sempre, a finalização. Se você observar bem, as lutas francas são minoria.”
A DERROTA:
“Um exemplo de luta sem movimentação foi a minha com o Tanquinho, na semifinal. É claro que ele é um atleta que luta usando as regras a seu favor. Por favor, não estou aqui para tirar o mérito dele, e muito menos para ficar reclamando de algo que não tem como voltar atrás. Mas esta luta é um bom exemplo disso, de como as regras estão jogando contra o espetáculo. Além disso, não podemos esquecer da ‘influência’ sobre a arbitragem. Eu penso, como muita gente boa, que se você nao quer ser prejudicado pela arbitragem que trate de finalizar. Mas, e quando isso não é possível porque seu adversário só recorre a manobras evasivas? E se quando você chega numa posição boa ele faz a fuga para que a luta recomece em pé, novamente? Tais atitudes deveriam ter uma punição mais severa em minha opinião.”
PUNIÇÕES:
“Acredito que pequenas mudanças podem mudar em muito o Jiu-Jitsu, e torná-lo ainda mais atraente. Chama minha atenção que outros esportes de luta, como o judô e o taekwondo, e o próprio MMA, frequentemente revêem suas regras com o objetivo de melhorar o espetáculo, que são as lutas, e aumentar o interesse do público em vê-las. No Jiu-Jitsu isso ainda não ocorre. Ainda são muito poucas as punições por amarração e algumas posições, como a 50/50, considerada por alguns como inovadoras, não são desestimuladas. O resultado disto é que as lutas estão cada vez mais travadas, diminuindo o espetáculo que uma boa luta de Jiu-Jitsu pode proporcionar. Eu acredito que este é um dos pontos que dificulta a profissionalização do nosso esporte.”
OUTRAS LUTAS:
“Eu estava lutando na área 4, e quando acabou umas das minhas lutas eu comecei a observar o que rolava nas outras áreas. Em quatro das lutas, os atletas estavam na guarda 50/50 ao mesmo tempo. Ninguém fazia nada, todas as lutas estavam sem movimentação, só esperavam o tempo acabar. Acredito que não é isso que queremos para o nosso esporte, certo? Como podemos promover o Jiu-Jitsu e fazê-lo crescer ainda mais com situações como essa? Os organizadores promovem o Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu e nós, os atletas, deveríamos promover o espetáculo. Mas não é o que está acontecendo hoje, infelizmente. Por isso acredito que uma revisão nas regras ajudaria a mudar a mentalidade dos atletas, para que passassem a procurar uma luta mais franca, aberta, melhorando o espetáculo e atraindo espectadores e por consequência os patrocinadores, fazendo crescer o Jiu-Jitsu. Pelo menos é isso que eu espero, como lutador, como professor, e como empresário atuante na área.”