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Caio Terra: “Laércio é muito técnico, mas aquela chave de pé não fez nem cosquinha”

Caio Terra troca pegada com Laércio Fernandes, na final do IBJJ Pro League. Foto: Erin Herle/GRACIEMAG

Caio Terra troca pegadas com Laércio Fernandes, na final até 64kg da IBJJ Pro League. Foto: Erin Herle/GRACIEMAG

No último sábado, Caio Terra confirmou seu favoritismo na divisão até 64kg e ficou com os 5 mil dólares de premiação, no inédito torneio profissional organizado pela IBJJF, em Long Beach, na Califa.

Na final, em combate contra o consistente Laércio Fernandes, Caio levou a melhor por três vantagens a uma e conquistou o título.

Em entrevista ao GRACIEMAG.com, Caio listou o que aprendeu na Pirâmide de Long Beach e comentou a frenética troca de chaves de pé, durante a final. Confira!

GRACIEMAG: Como você avalia a sua atuação na IBJJ Pro League?

CAIO TERRA: Talvez essa não tenha sido a minha melhor apresentação no ano. E não só a minha, como da maioria dos faixas-pretas que competiram. Muitos de nós estávamos já pensando no fim do ano, cansados do calendário longo do Jiu-Jitsu. Só eu devo ter competido mais de dez vezes em 2012. Se ainda levarmos em conta todos os seminários, as aulas na minha academia aqui em San José e nas afiliadas, nota-se como é complicado ensinar e levar vida de atleta de verdade. Levando em conta o ano corrido, acho que eu não poderia ter me apresentado melhor.

Você finalizou o Daniel Beleza na semifinal, e venceu Laércio nas vantagens na final. O que achou da luta decisiva?

O Laércio é um cara muito duro, técnico, forte para categoria e bem veloz. Às vezes ele é até desvalorizado pelo público que não o conhece tão bem, mas na certa ele ainda fará o nome dele no Jiu-Jitsu. Acho que nem eu nem ele sofremos perigo algum durante a luta. A chave de pé dele não estava fazendo nem cosquinha. E a minha estava justa, mas não senti o pé dele estalar hora nenhuma. Talvez o único momento de perigo tenha sido quando fui para as costas no começo da luta, mas ele conseguiu sair bem. No fim, eu acabei a luta nas costas dele, mas ele estava perdendo e provavelmente precisou se expor mais do que o normal.

Que lição útil para o leitor você tirou desse campeonato?

Eu queria estar no campeonato para dar um suporte a essa iniciativa da IBJJF, aos meus amigos e companheiros de equipe que estavam treinando para esse evento e aos meus patrocinadores, Gameness e Versa Climber, que me ajudam muito. Porém, a verdade é que eu estava me sentindo saturado, após tantas batalhas pelo Jiu-Jitsu este ano. Eu mesmo não estava querendo estar ali, muito menos lutar. Havia em mim um estranho sentimento de derrota antes de começar o torneio – só queria que o evento passasse para eu pensar nas férias, entende? Com isso, a única grande lição que tirei mais uma vez é sempre acreditar mais em mim.

E o prêmio em dinheiro, fez diferença?

Este ano fiz algumas lutas casadas e sei como é importante para nós atletas sermos remunerados. Hoje não dá para viver apenas de premiação de campeonato e patrocinadores. É preciso ter uma academia ou dar seminários, e por isso fica mais complicado ser um atleta profissional. A premiação foi uma boa iniciativa, mas precisa ser apenas o começo. Com 5 mil dólares, você mal sobrevive dois meses nos EUA, e hoje apenas o campeão leva a grana. Às vezes deixamos de fazer algum seminário para treinar, o que torna mais ainda arriscado, e por isso outros atletas deixam de lutar. Ao longo dos anos, a IBJJF tem mostrado que tudo que eles começam só tende a melhorar. Acredito que em breve teremos mais categorias, premiações ainda melhores e, quem sabe, mais eventos da League durante o ano. Gostaria de agradecer a todos os patrocinadores do evento, a IBJJF e a ao público por terem contribuído com esse passo para um Jiu-Jitsu mais profissional.

Você acha que essa inciativa da IBJJF pode começar a demover os competidores de ir para o MMA?

A maioria dos atletas que migram para o MMA por causa de dinheiro acaba perdendo. Para lutar MMA, você tem de realmente gostar do esporte, e não fazer por dinheiro, porque isso vai acabar com sua carreira. Além de deixar você infeliz.

Quais são seus planos para 2013?

Ainda estou acabando minha última turnê de seminários nos EUA e depois vou ao Brasil passar férias. A seletiva para o ADCC 2013 ainda não está nos meus planos. É aquilo, ganhei os cinco últimos Campeonatos Mundiais Sem Kimono, sou o atual campeão nacional peso e absoluto sem kimono. Se os organizadores não acharem que sou qualificado o suficiente para ser chamado será uma pena… Na última enquete que fizeram no site deles fui o mais votado, mas acabaram chamando outras pessoas e fiquei fora. Tenho planos em 2013 para organizar camps bem profissionais para o Pan e Mundial de Jiu-Jitsu na minha academia. E quero fazer seminários na Ásia, Europa e na costa leste dos EUA. Se alguma academia se interessar, por favor entre em contato: info@caioterra.com ou via Facebook.

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