Estabelecido em solo americano, nosso GMI Caio Nucci leva a sério seu papel como professor de Jiu-Jitsu. Para ele, a missão é ensinar o Jiu-Jitsu para o maior número possível de pessoas e torna-las campeãs na vida.
Com esse objetivo em mente, Caio bateu um papo com GRACIEMAG e contou sobre o início de sua trajetória na arte suave e a emoção de chegar à faixa-preta, além de detalhar os desafios de equilibrar a rotina de competidor e treinador no Jiu-Jitsu. Confira!
GRACIEMAG: Como foi o seu primeiro contato com o Jiu-Jitsu?
CAIO NUCCI: Comecei com 13 anos de idade com o mestre Ryan Gracie e meu inicio tem uma história engraçada. Houve uma briga entre dois garotos na saída da escola, um era bem menor do que o outro e, para minha surpresa, o menor derrubou, pegou as costas e deu um mata-leão no maior. Todo mundo começou a falar q ele fazia Jiu-Jitsu e, assim que cheguei em casa, falei para meus pais que queria treinar. O engraçado é que esse mesmo garoto que me fez começar treinar, apareceu anos depois para treinar comigo ainda na faixa-azul e eu já na preta.
Quais são as memórias que se destacam do seu início no Jiu-Jitsu, sob a tutela de Ryan Gracie?
Lembro do dia em que ele me graduou a faixa-amarela. Na época, era comum ter treinos sem kimono e valendo tapas. Eu era garoto e treinava no tatame menor e fui perguntar se precisava participar. Lembro do olhar dele até hoje quando respondeu: “Se tu quiser tua faixa, tira esse kimono logo”. Depois de me desestimular um pouco de treinar na faixa-amarela aos 15 anos, acabei voltando aos 17, fiz cinco lutas no primeiro campeonato na faixa-branca e acabei sendo campeão.
Outra vez, alugamos uma casa com o professor Ryan no final do ano, mas esquecemos de avisar onde ficava escondida a chave da porta. Quando chegamos uma noite, a casa estava sem porta (risos).
Em que ano você foi graduado à faixa-preta?
Recebi a faixa-preta em 2009, pelas mãos do meu mestre e primo Luciano Nucci “Casquinha”. Foi um momento muito especial para nós, pois foi o ano que perdi meu pai, que também era muito querido pelo mestre Casquinha.
Equilibrar a rotina de atleta e professor não é uma tarefa fácil. Como isso afeta seu desempenho em ambas as áreas?
São dois lados bem opostos da moeda. O atleta precisa ter o egoísmo “saudável” para cuidar do treino, alimentação, descanso e etc. Já o bom professor tem que ser totalmente altruísta, saber que ele está lá para servir e fazer de tudo para o aluno progredir. Depois de “velho”, tenho até me animado mais em me preparar para competir, gosto muito dessa parte mental que a competição traz e o que sempre ressalto para os alunos é a questão da auto-responsabilidade. É comum, quando não temos o resultado esperado, culpar o árbitro, o professor ou lesões. Eu já cometi esse erro e isso traz um conforto no momento, mas te atrapalha em enxergar as suas fraquezas. É preciso focar nas tarefas que estão ao seu alcance como dieta, preparação e descanso. Eles não precisam se estressar com o resultado, ele virá como consequência de um trabalho feito com disciplina e consistência. Isso se estende para todas as áreas da vida.
Qual é seu maior objetivo como professor de Jiu-Jitsu?
Gosto muito da frase: O Jiu-Jitsu é perfeito. A minha meta é espalhar o Jiu-Jitsu bem ensinado para o maior número de pessoas e torná-los campeões na vida. A formação de um campeão não pode ser prioridade, pois depende de uma série de fatores e, com o crescimento e profissionalização que estamos vendo, vai ser um nicho ainda mais específico com estruturas completamente voltadas para o alto rendimento, onde as academias convencionais servirão como uma ponte para os alunos que se destacarem.
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