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Bruno Fernandes comenta vitória no Montreal Open e os treinos de Jiu-Jitsu com GSP

 Georges St-Pierre e Bruno Fernandes depois do treino de Jiu-Jitsu. Foto: Divulgação

Georges St-Pierre e Bruno Fernandes depois do treino de Jiu-Jitsu. Foto: Divulgação

Campeão absoluto no Montreal Open da IBJJF, encerrado no dia 17 de novembro, o faixa-preta Bruno Fernandes bateu um papo com GRACIEMAG esta semana para dar algumas lições de Jiu-Jitsu. O campeão da Gracie Barra e treinador de Georges St-Pierre analisou sua campanha no torneio, deu alguns pontos de vista interessantes sobre o Jiu-Jitsu, comentou sobre a evolução do esporte no Canadá e falou da vitória de GSP sobre Hendricks, no UFC 167. Confira:

GRACIEMAG: Qual foi sua maior dificuldade para vencer o Montreal Open da IBJJF?

BRUNO FERNANDES: A maior dificuldade que eu tenho hoje em dia é focar no meu treinamento e deixar de lado minhas obrigações, como dono de escola e professor. Muitas vezes eu priorizo o meu time ou até um aluno específico em detrimento ao meu próprio treino. Faço isso com muito prazer, já que ver meus alunos ganhando me dá uma satisfação muito maior. Eu só tive lutas no absoluto, onde enfrentei um lutador peso pena na semifinal e um peso pesado na final. Sendo estes dois adversários de estilos completamente opostos. Eu tentei elaborar uma estratégia distinta para cada luta. Apesar das duas terem sido bem duras, eu consegui impor o meu jogo e conduzir as lutas conforme planejado.

Qual foi o segredo para lidar com esses atletas de estilos diferentes no absuluto?

Estratégia. Quando eu luto com adversários mais pesados, eu tento manter um ritmo rápido de luta para compensar a diferença de peso. Outra tática é usar variações de guarda que me permitam manter certa distância, para facilitar minha movimentação e ter a chance de repor minha guarda caso o meu adversário faça algo inesperado. Só assim eu consigo ter a tranquilidade para estudar a luta e elaborar um plano de contra-ataque. Quando a diferença de forca é grande, fica muito difícil tomar a iniciativa.

Na final do absoluto, você encarou o Lee Villeneuve, da BTT. Na sua visão, como foi a luta?

Eu sabia que o Villeneuve seria um adversário duríssimo e muito mais forte que eu. Logo no começo eu puxei para a guarda, pois o Lee é sabidamente muito melhor do que eu em quedas. Após uma raspagem, eu tive a sorte de conseguir pegar as costas e fazer muitos pontos logo no começo, o que me colocou numa posição bem mais confortável. Parte do meu plano então passou a ser evitar posições onde ele é perigoso, como a meia-guarda, por exemplo, e continuar a buscar oportunidades para aumentar a minha margem de pontos.

Qual foi a lição que você teve ao vencer o Montreal Open?

Estudar o seu adversário e entrar no ringue com uma estratégia definida pode ser uma maneira de controlar o estresse natural de um campeonato. É claro que muitas vezes nós não sabemos com quem iremos lutar, mas sempre que possível acho útil adaptar o seu treinamento ao tipo de desafio que você irá enfrentar. Outra técnica que tenho utilizado recentemente é de tentar meditar um pouco e não pensar em absolutamente nada antes da luta. Uma mente calma apura os seus reflexos e permite a execuções dos movimentos de uma forma mais rápida.

Você dá aulas em Montreal, no Canadá, na academia Gracie Barra. Como tem visto o crescimento do Jiu-Jitsu por aí?

O Canadá é um país de dimensões geográficas, porém muito pouco populoso. Logo, a distância às vezes dificulta a interação entre academias e a realização de campeonatos. Apesar dessa dificuldade, hoje temos academias grandes nas principais capitais. O nível técnico dos campeonatos não deixa nada a desejar quando comparado com eventos nos Estados Unidos. A nova geração está bem afiada e já temos representantes do país lutando por títulos em competições internacionais. O canadense é reconhecido como o povo mais educado do mundo, ao ponto de as vezes serem motivo de gozação. Naturalmente, os praticantes de Jiu-Jitsu trazem essa atitude humilde e respeitosa para o tatame, o que os torna exemplares praticantes da arte suave. Até nos campeonatos, o respeito ao adversário é sempre maior do que o sentimento de rivalidade.

Seu aluno GSP defendeu o cinturão contra Johny Hendricks no UFC 167, mas a luta foi uma guerra. Qual é o seu ponto de vista sobre o embate?

Essa foi sem dúvida a luta mais dura que o Georges já teve. Apesar e ter saído do combate mais machucado, ele novamente mostrou uma superioridade técnica e eu concordo com a decisão dos juízes de ter lhe dado a vitória. É preciso lembrar que muitas defesas de cinturão ultimamente têm sido contestadas, o que é apenas um reflexo da evolução do esporte e do alto nível técnico dos atletas no topo. Eu, como parceiro de treino, amigo e fã, só posso agradecer pela oportunidade de ainda vê-lo lutar, já que ele conquistou mais do que qualquer outro atleta na história do UFC jamais conseguiu. Ele ainda coloca tudo em jogo quando entra no octógono.

E como são os treinos de Jiu-Jitsu com ele?

Eu não participei ativamente desse último camp, já que estava mais focado no meu treinamento com kimono. Agora depois da luta nós esperamos voltar a dar os nossos treinos de Jiu-Jitsu tradicional, sem pensar muito em MMA. O que muita gente não sabe é que o Georges também é muito bom de kimono, talvez um dia ele demonstre esse lado em algum campeonato de Jiu-Jitsu.

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