Numa tarde agradável no Rio de Janeiro, enquanto almoçava, um faixa-preta carioca que ensina na Califórnia dividia com um amigo faixa-branca os benefícios da prática do Jiu-Jitsu. “Até hoje me impressiono em como a nossa arte ajuda os alunos – na coordenação motora, no ganho de pujança física, na parte cardiovascular, na relação interpessoal, nas conquistas…”. Após mastigar um sushi, refletiu e mandou. “Rapaz, o Jiu-Jitsu ajuda até o cara desajeitado a transar melhor”.
É assim o Jiu-Jitsu, útil para quase todos os problemas, inclusive sexuais. Mas e quando o sexo ameaça atrapalhar o lutador de Jiu-Jitsu, antes de uma competição ou treino importante? GRACIEMAG decidiu assim investigar o assunto polêmico.
Segundo o doutor Turíbio Barros, mestre e doutor em fisiologia do exercício pela Escola Paulista de Medicina e ex-profissional do Esporte Clube Pinheiros, uma das dúvidas mais comuns entre atletas, e não apenas lutadores, seria: fazer sexo na noite anterior de um campeonato prejudica o desempenho esportivo?
“Nos esportes de luta, como boxe e MMA, sabe-se que a abstinência sexual durante algum tempo antes de uma luta é considerado um verdadeiro paradigma. Os especialistas dessas modalidades consideram que o atleta acumula uma agressividade que poderia exacerbar o vigor físico quando se abstém do sexo durante um certo período anterior à competição”, diz Turíbio. Segundo o especialista, entretanto, nenhum estudo até hoje comprovou, cientificamente, a hipótese de que o sexo é de fato danoso ao atleta às vésperas de competir.
“De fato, do ponto de vista fisiológico, a atividade sexual pode ser considerada até como um benefício para um período pré-exercício. Alguns estudos científicos demonstraram que a liberação de endorfinas associada ao sexo é um mecanismo que proporciona até mesmo um período de descanso mais efetivo nas horas subsequentes. Em outras palavras, depois do sexo o descanso é mais reparador e a disposição física no dia seguinte é favorecida”, garante o fisiologista, que publicou recentemente um artigo sobre o assunto, no portal “Eu Atleta”.
Como tudo na vida (esportiva ou não), a questão parece ser de equilíbrio – da mesma forma que a dose certa de exercício melhora o apetite sexual, uma noite de namoro moderada, sem álcool e sem baderna, com um descanso reparador de cerca de oito horas, pode dar certo para muitos lutadores. É questão de autoconhecimento: informar-se, testar-se e entender como seu corpo reage e como ele rende.
No século XX, no entanto, o assunto não admitia lá muitas discussões dentro da família Gracie. O grande mestre Helio, por exemplo, treinador e líder de uma geração talentosa, era taxativo, e como de costume dá a última palavra neste artigo. Pode mandar, professor:
“Qualquer grande campeão sofre os efeitos de uma noite de sexo na véspera, pois isso representa um grande gasto de energia. Se o sexo serve para criar um ser humano, imagine quanta energia está envolvida nesse ato”, Helio Gracie ensinava.
E para você, estudioso leitor? O que funciona e o que não funciona para você na véspera de um campeonato?
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