Campeão peso leve no Mundial de Jiu-Jitsu de 2017, Lucas Lepri escreveu seu nome na história da categoria. Com quatro títulos na faixa-preta (2007, 2014, 2016 e 2017), o professor da Alliance se coloca no topo da divisão como único atleta a morder tantos ouros nos leves, e se torna apto a figurar no sonhado Hall da Fama da IBJJF.
Após vencer três adversários no torneio, antes da final contra Roberto Satoshi (Bullterrier), que acabou precocemente por conta de uma inesperada lesão do adversário, Lepri comemorou em mais um pódio de mundial e colheu os frutos de 17 anos dedicados à arte suave.
GRACIEMAG bateu um papo com o campeão e este revelou a felicidade de chegar à quarta conquista do Mundial na faixa-preta, o caminho árduo de tocar sua academia nos EUA em paralelo à preparação para o Mundial e a mente campeã que é preciso ter para superar as adversidades e passar os momentos mais nebulosos com força para vencer. Confira!
GRACIEMAG.com: Você conseguiu defender com sucesso o título conquistado no ano passado, e agora soma quatro títulos no peso leve. O que significa para o experiente professor mais um título Mundial na faixa-preta?
Lucas Lepri: Estou extremamente feliz pelo feito, são muitos anos de treinamento e comprometimento para chegar até aqui. Fico feliz em poder dividir esse momento com a minha esposa que está sempre ao meu lado, minha família, meus alunos, meus amigos e meu time. Esse título não é somente meu, todos eles fazem parte dessa jornada.
Como foi a preparação para a corrida do Mundial, com a sua academia nos EUA para tocar. Como foi conciliar as aulas e os treinos para o torneio?
Acredito que a preparação tem que ser feita diariamente, independentemente se tem campeonato ou não pela frente o trabalho nunca para. Lógico que chegando perto dos campeonatos importantes, como o Pan e o Mundial, o treinamento intensifica um pouco mais, tanto na parte técnica quanto no condicionamento físico. Abri a minha academia em 2014 e com certeza muita coisa mudou. Não é fácil conciliar as aulas, administração e o treinamento intensivo, mas estou dando o meu máximo para coordenar tudo isso e graças a Deus está dando certo. Dou aulas desde os 18 anos e isso me ajudou bastante nessa jornada.
Você poderia comentar a final com o Satoshi? Detalhar o momento da lesão no seu ponto de vista de dentro do tatame? Qual foi a sensação para você de ficar com o ouro após uma situação complicada como esta?
Na grande final infelizmente a luta acabou mais cedo, devido a lesão que o Satoshi teve logo no início. Tentei entrar em uma queda e ele apoiou a mão no chão para defendê-la e nesse momento o ombro dele saiu do lugar. Gostaria que a final tivesse sido diferente pois o Satoshi além de um grande atleta, ele e sua família são pessoas fantásticas. Já lutamos algumas vezes e sempre foram lutas duríssimas.
Sobre o quarto título, ele te garante o requisito mínimo para integrar o Hall da Fama da IBJJF. Vale lembrar que nenhum peso leve conseguiu a façanha de acumular quatro ouros mundiais, numa divisão de feras como Shaolin, Feitosa, Leandro Lo, Daniel Moraes, Celsinho e Langhi. Qual a representatividade de uma conquista como esta?
Treinei muito focado para este campeonato sabendo da possibilidade de integrar ao Hall da Fama e graças a Deus deu tudo certo. Estou extremamente feliz com mais essa conquista. São exatamente 17 anos de muito treinamento, dedicação, perseverança, abdicações e disciplina. Tudo que passei para estar aqui hoje valeu a pena, mesmo com todas as dificuldades no início da minha carreira.
E qual a mensagem de incentivo que o professor Lepri gostaria de deixar para o atleta que quer chegar ao feito de quatro títulos mundiais na faixa-preta como você?
A chave para o sucesso é trabalhar duro todos os dias. As dificuldades virão, os obstáculos vão aparecer mas você tem que estar preparado para ultrapassar as barreiras que encontrar no caminho. Persistam que vale muito a pena. Nunca desistam! Várias dúvidas e incertezas irão aparecer mas saibam que o campeão não vive só de fases boas, as fases ruins vão chegar e você tem que estar preparado para dar a volta por cima como um grande campeão faz.