A superluta principal do Kasai Super Series, realizado no último fim de semana no The Bomb Factory, em Dallas, no Texas, pôs frente a frente dois cracaços do Jiu-Jitsu: João Gabriel Rocha e Gordon Ryan, o atual rei absoluto do Mundial Sem Kimono da IBJJF.
No fim, o placar apontou 1 a 0 para o lutador americano, ponto fruto de uma tentativa de chave de calcanhar, e a polêmica comeu solta nas redes sociais. O fato é que a luta merece uma revanche, já que Gordon Ryan saiu mancando do joelho e João Gabriel lutou com uma das costelas soltas, o que pode ter prejudicado a ambos.
O peso pesadíssimo da Soul Fighters discordou da marcação no placar, alegando que também dera logo depois um bote no pé, num Estima-lock. Em papo com o GRACIEMAG.com, ele analisou o duelo, que durou 10 minutos mais os 5min da prorrogação. Confira:
GRACIEMAG: Qual foi a sua visão sobre a luta?
JOÃO GABRIEL ROCHA: Não sou de falar de arbitragem, mas está meio difícil de engolir essa. Falando só do combate, foi muito bom e acho que a torcida gostou. Eu sabia que ele era uma p. voadora, que fala muito, mas é habilidoso, e que eu deveria estar focado, dando tudo de mim, pois se não estivesse nesse ritmo ele poderia me finalizar. Ele é muito perigoso, e talvez seja o melhor com quem já lutei. Mas no mínimo empatei aquela luta.
Você teve problemas com a nova regra?
Olha, eu entendi que na prorrogação seria a pontuação da IBJJF, logo eu deveria vencer, pois passei a guarda dele e não me foram dados os pontos. Foi assim: eu quedei e acabamos caindo para fora do tablado, depois ele já voltou me puxando para a guarda. Foi quando ele me raspou e raspei de volta. Nos cinco minutos do tempo extra já estávamos cansados, mas senti que estava com fôlego melhor. Contudo, ele me deu um ataque na chave de calcanhar e conseguiu ganhar um ponto. Contestei porque não estava pegando o golpe e não achei que valeria computar o ponto para ele. Mas, logo em seguida, ataquei no ‘Estima lock’ e eles não me deram o ponto. Já no fim, fui com tudo e bombardeei nas passagens de guarda, até consegui chegar do lado mas também não ganhei os pontos.
O que faz essa nova geração tão perigosa e temida?
A verdade é que há posições que a gente não tem o hábito de treinar e essa galera só faz isso, há cinco anos. Chave de calcanhar, atacar com a perna cruzando, por exemplo, são técnicas que ele se especializa desde que começou a treinar – e sempre sem kimono. No camp, inclusive, eu desisti de pedir para que os outros atletas tentassem simular os botes e chaves de calcanhar, porque ninguém estava atacando com a pressão devida. Infelizmente, o pessoal do Jiu-Jitsu não sabe atacar bem nesse tipo de golpe, diferente do Gordon, um cara que é especialista.
Ele já falou numa nova luta entre vocês…
Tomara que role. Tenho certeza de que vamos nos reencontrar. Pô, eu aceitei todas as exigências, como a validação das chaves de calcanhar em qualquer posição, cruzando ou não o joelho, a regra de lutar só valendo a finalização nos dez primeiros minutos. Eu nunca tinha lutado sob esse tipo de regra só com finalização, enquanto ele já está experiente nessa. Foi uma oportunidade excelente de treinar muito e evoluir em aspectos menos ajustados do meu jogo. Mas sei que vou encontrar com ele de novo em breve, talvez no ADCC, e vai ter muita coisa diferente para rolar.
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