Elaina Botelho Soares morre de orgulho do filhão, o faixa-preta de Jiu-Jitsu Vinicius Vieira, da escola Kioto, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro. A admiração é tamanha que dona Elaina tomou uma decisão: depois de passar anos ensinando sobre a vida ao filho, era hora de aprender com ele – nos tatames. Viva o Jiu-Jitsu.
“Minha família toda treina, meu pai é o faixa-preta Marcelo Alan Vieira, minha irmã é faixa-azul, e minha mãe chegou a treinar cinco anos ininterruptos, mas parou quando estava perto de pegar a faixa-marrom. Ficou uns quatro anos longe do Jiu-Jitsu e há coisa de um ano resolveu voltar”, conta o filho de 27 anos, surpreso com a repercussão do vídeo na internet. “Eu a incentivei bastante a retornar, pela qualidade técnica que ela sempre teve, e ocorreu o que a gente torcia: ela voltou, retornou às competições – inclusive na categoria adulto – e obteve ótimos resultados. No dia a dia na academia, me ajudou muito com os alunos menos graduados, então essa faixa foi mais que merecida”.
(Confira a graduação postada na própria segunda, 21 de novembro, no Instagram.)
Vinicius conta que teve de tratar a mãe como um aluno normal, e fez jogo duro na hora de graduar.
“Ela sempre vinha e comentava que quando parou ela já estava prestes a pegar a faixa-marrom, aquele papo normal de todo aluno procurando lembrar o professor sobre faixa. Eu fiz questão de sempre ignorar, mudava de assunto ou repetia que faixa era só para segurar a calça do kimono. Ano passado ela já estava de volta quando graduamos os alunos da Kioto, mas preferi segurá-la e ver como seria este ano de treinos dela. Nunca dei o menor indício de que a marrom sairia este ano, e acho que ela ficou bem surpresa, escondi o jogo até a hora da graduação”, diverte-se Vinicius Vieira.
Na hora de amarrar a nova faixa, Vinicius conta que fez apenas o de praxe. “Como sou professor dela nos treinos diários, cabia a mim amarrar a nova faixa na cintura dela. Foi uma cerimônia normal, mas ficamos contentes que as pessoas se inspirem nesse nosso exemplo familiar. Agora, depois dos 40 anos, minha mãe quer ser faixa-preta de qualquer jeito, mas vai se ela quer isso mesmo vai ter de ralar muito aqui”, sorri o professor da Kioto.
No fim, não teve mamãezada: como na Kioto não tem o ritual da faixada, dona Elaina tomou a queda de praxe, emocionada.