Lendário professor da Gracie Barra e fundador da Gracie Barra BH, Vinícius Draculino se tornou um especialista em chegar nas costas do seu adversário. Com quase 40 anos de prática nas artes marciais e dois vice-campeonatos no Mundial da IBJJF, o professor conversou com a GRACIEMAG para a matéria da capa do mês de junho, e nós trouxemos os detalhes básicos para o sucesso na posição.
Para “Dracu”, as posições de costas e montada são como bater um pênalti no futebol, chegar em tal situação traz grande responsabilidade e perder a chance de definir não pode ser uma possibilidade. Caso bata para fora, não quebrar mentalmente também é de suma importância.
Confira três dicas de Vinícuis Draculino para ter mais sucesso na pegada de costas e para ver a aula completa, com tos os detalhes, assine agora a edição digital de GRACIEMAG, clicando aqui!
Do xeque ao xeque-mate
“A comparação do Jiu-Jitsu com o xadrez na minha visão é perfeita. As costas, assim como a montada, é uma posição como o xeque nos tabuleiros não existe nenhum lugar melhor para avançar dali, não há posição melhor a conquistar. A não ser, claro, sair de uma para outra e vice-versa, ou seja, da montada para as costas ou o contrário. Todo lutador, então, deve pensar em afiar quatro aspectos imprescindíveis para ter êxito na finalização pelas costas. São eles: 1) Posicionamento; 2) Controle; 3) Eliminação das defesas; 4) Finalização. O lutador que conseguir atingir a maestria nos quatro fatores será sempre um matador.”
Pressão para chegar
“Uma coisa que venho notando durante todos esses anos de Jiu-Jitsu é que pegar as costas ocorre em duas situações básicas, a saber: na primeira, quando seu posicionamento é tão preciso, e dotado de tanta pressão, que a pessoa dá as costas como pura consequência disso. Segunda: quando a outra pessoa comete um erro básico que permite a ida às costas. Quando estou treinando, busco sempre pressionar e botar meu parceiro de treino totalmente desconfortável, a ponto de ele me dar as costas como única opção possível, ou então quebrar mentalmente o oponente a ponto de ele dar as costas para sair logo do sufoco.
“Desde a hora em que dou a queda ou consigo a raspagem, já passo e vou dali com pressão para montar, joelho na barriga ou finalizar, e nisso as costas acabam aparecendo para mim. Por exemplo, as pessoas muitas vezes odeiam tanto a pressão que sofrem no cem-quilos ou na montada que dão aquela clássica virada de costas. Ou seja, é como falei no primeiro e no segundo caso: ou dão as costas por pressão ou erram por conta do desespero.”
Quebra das defesas
“Houve uma época em que os oponentes começaram a esconder a gola do kimono debaixo do sovaco para dificultar o estrangulamento com o kimono. Mas com isso passaram a dar chance para outras técnicas, como o ezequiel nas costas, o mata-leão clássico e outros. Na verdade, a pessoa que escapa bem das costas é paciente… Defende o pescoço e braço botando 75% de ênfase nisso, e 25% na defesa dos ganchos e afins. O cara afoito, aquele camarada que quer sair de qualquer maneira para não dar os pontos dos ganchos, geralmente bate rápido.
“O Royler e o Roger Gracie, cada um com suas técnicas peculiares, são os caras que melhor vi saírem das costas. O Roger, graças à sua calma e paciência de um monge; o Royler, graças a uma habilidade tremenda de botar a pessoa num ângulo ruim para finalizar. O segredo para ter sucesso com pessoas que se defendem muito bem é também ter altas doses de paciência. Só com paciência, posicionamento e controle o lutador é capaz de eliminar os aspectos mais importantes da defesa, como o quadril, pegadas, ângulo etc.”