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A reconquista de Anderson Silva, pelos olhos de um especialista em psicanálise

Dana White tenta, até hoje, entender o que se passa na mente de Anderson. Foto: Carlos Arthur/GRACIEMAG

Dana White tenta, até hoje, entender o que se passa na mente de Anderson. Foto: Carlos Arthur/GRACIEMAG

Muito se fala sobre a pressão de uma disputa de título. A pressão do defensor ao se manter campeão, a pressão do desafiante em ter, após longos anos trilhando seu caminho até a disputa do cinturão, a definitiva chance de se tornar o número um. Porém, no caso de Anderson Silva e Chris Wiedman, a coisa vai além.

Apesar de ser o desafiante, Anderson Silva foi o supercampeão peso médio do UFC, ostentando a dourada cinta por longos anos até ser superado pelo novato Weidman, que até pouco tempo ninguém conhecia. A razão foi especulada de várias formas: desleixo, pressão, soberba, falta de treino, etc.

No intuito de desemaranhar esse ninho de gato que se tornou a cabeça do ex-campeão, GRACIEMAG conversou com Eduardo Coelho, psicólogo, pós-graduado em psicanálise e fã de MMA, e este tentou analisar por fora a quantas anda a mente do Aranha. Confira o estudo do caso:

GRACIEMAG: Anderson pode entrar mais leve por não ter o peso de ser mais o campeão?

Eduardo Coelho: Não, pois é ele mesma cita que tem um “legado” e que a vitória é importante. Acredito que se tivesse perdido de uma forma menos polêmica, por assim dizer, poderia até ficar menos “pesado”, mas nada aliviaria os fatos: ele é um ícone do esporte, um garoto propaganda milionário e dono de recordes no evento.

O feito de Weidman foi incrível, mas infelizmente foi engolido pelo nome do Anderson. Se fala mais da derrota do brasileiro do que da vitória do americano, e uma opinião pública que espera (quase sentencia) que ele retome o cinturão. Isso mostra que a pressão ainda é bem maior para Anderson e que não está nada leve.

Anderson disse que treinou muito a parte mental, ficando longe da mídia, mais perto da família… Isso será importante?

Bem, se ele foi tão regrado assim quanto ao foco dele como diz, não há dúvidas que será muito importante. Mas para todos que possuem um grande objetivo, tem que haver temperança, e aí a família é realmente muito importante, pois funciona como uma alavanca para ele se sentir mais motivado e relaxado, sem o estresse de eventos, promoções e outros trabalhos paralelos. A “marca” e o “lutador” muitas vezes se confundem, mas é o momento dele ser bem mais lutador, pois sem as vitórias será difícil sustentar a marca que detém.

Anderson sempre deixa claro que não houve excesso de confiança, mas um dia ruim. Será?

Se ele mesmo faz uma leitura do comportamento dele, seria prepotência e até falta de respeito ao Anderson dizer que não, que faltou sim mais seriedade. Alguém já tinha visto ele fazer algo parecido em demasia como na última luta? Creio que não, nem mesmo na famosa luta com Demian Maia. Mas o importante é na cabeça dele saber que algumas coisas não deram certo e muito além de um dia ruim, e que se lamentar por esse dia não resolverá nada, mas sim rever conscientemente o que não deu certo pelos erros dele – e não negá-los como uma forma de defesa às críticas. Entrando mentalmente preparado e com a confiança dentro dos limites da prudência, restará o embate técnico dentro do que os dois treinaram.
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