Faixa-roxa de Jiu-Jitsu, Thaisa Sarmento é prova viva de que os benefícios proporcionados pela prática das artes marciais vão muito além do âmbito físico. Há dois anos ela teve o marido – o faixa-preta e policial militar Thiago Sarmento – assassinado no Rio de Janeiro, e a arte suave, somada ao apoio da família, teve um papel fundamental em sua estrutura emocional para superar a dor da perda e possibilitar seguir em frente.
“O Jiu-Jitsu transformou tanto a minha felicidade quanto a minha dor, e me mantém de pé até hoje. Comecei a treinar com cinco anos de idade, meus irmãos já treinavam e hoje todos são faixa-pretas. Seguimos muito os princípios que a arte nos ensina. Recentemente o meu marido faleceu e a vida ficou muito difícil. O Jiu-Jitsu, além de ter me apresentado ao meu marido, é a arte que salva a minha vida todos os dias. Essa arte salva a vida de muitas crianças, de muitas pessoas que passam por dificuldades, por depressão e por todos os tipos de problemas. O kimono, para mim, é uma farda que leva o legado, ordem, valor, princípio, amor, fé e garra”, exalta Thaisa, que faz parte de uma família de lutadores em Bangu, zona oeste do Rio de Janeiro.
Thiago Sarmento não era apenas um policial militar. Faixa-preta de Jiu-Jitsu, ele deu início ao projeto social “Campeões Sociais”, nos morros do Adeus e da Baiana, no Complexo do Alemão, que leva, através de policiais militares graduados, aulas de Jiu-Jitsu e taekwondo a crianças e jovens do local. Nesta semana foi inaugurada a nova sala do projeto, a Sala de Lutas 3º Sargento Thiago Sarmento dos Santos, localizada dentro de uma estação de teleférico desativada. Reformada pela parceria entre Legião da Boa Vontade (LBV), Super Rádio Brasil, Prime Esportes e Boomboxe, a sala recebeu os tatames doados por Rogério Camões, da academia X-Gym.
“A LBV e a Prime estão sempre me apoiando e é muito bom poder ajudar as comunidades. Primeiro levar arte marcial, pelos princípios e pela formação que certamente vai proporcionar às pessoas, e depois, essa aproximação da polícia militar com o morador da comunidade. E treinar num dojô que teve Anderson Silva, Ronaldo Jacaré, Allan Nuguette, Erick Silva, Rafael Feijão, Warlley Alves… todo mundo usou esse tatame por muito tempo, então ele deve ter uma energia muito boa”, lembra Camões.
O projeto “Campeões Sociais” atende cerca de 70 crianças, que para fazerem da equipe devem obrigatoriamente estar com notas boas na escola, além de referências de bom comportamento. As aulas de Jiu-Jitsu são ministradas pelo faixa-preta e policial militar Bruno Lopes, e as de taekwondo, pelo também faixa-preta e policial militar Alessandro Cavalcante. Comandante da UPP local, a Capitão Silvia da Silva Souza Barbosa exaltou a importância do projeto.
“Essas crianças passam a ampliar os horizontes, quebram barreiras e passam a ter perspectivas de futuro, veem que é possível crescer. Todas essas crianças precisam estar frequentando a escola, com boas notas, isso é exigido, e isso estimula as crianças a crescerem não só dentro do esporte, mas também como pessoas, se formarem como profissionais, como temos alunos que passaram para o colégio Pedro II, que passaram para faculdades. Isso só engrandece as crianças e as famílias, e para a Polícia Militar isso é muito bom, porque quebra barreiras, aproxima a população da polícia e torna nosso trabalho muito mais eficaz e muito mais tranquilo dentro da comunidade.”
(Fonte: Assessoria de imprensa)
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