Nos Estados Unidos, dizem que você não é verdadeiramente famoso se não apareceu no desenho “Os Simpsons”. No MMA moderno, você não é verdadeiramente grande nas categorias meio-pesado e peso médio se você não enfrentou Dan Henderson.
O currículo de Daniel J. Henderson é um verdadeiro quem-é-quem do esporte nos últimos 15 anos. Ninguém enfrentou tantos ídolos. Vitor Belfort, Rich Franklin, Wanderlei Silva, Yuki Kondo, Maurício Shogun, Quinton Jackson, Lyoto Machida, Ricardo Arona, Michael Bisping, Murilo Bustamante, Rashad Evans, Renzo Gracie, Minotauro e Minotouro são alguns dos seus famosos oponentes. Merecem ainda destaque neste nobre rol os dois maiores lutadores de MMA de todos os tempos: Anderson Silva e Fedor Emelianenko.
E, vale lembrar, Hendo só não enfrentou o fenômeno Jon Jones devido a uma lesão que levou ao cancelamento da luta.
Pois, mesmo tendo feito combates memoráveis contra tão notórios atletas, ironicamente, Dan é um ilustre desconhecido do grande público.
Por uma daquelas grandes injustiças decorrentes de estratégias de marketing, Hendo não tem a projeção que merece. Isso não tem nada a ver com sua qualidade como lutador, mas com o fato de ele não ser um “produto vendável”. Ele não é carismático como Wanderlei, falastrão como Bisping, talentoso como Anderson ou articulado como Belfort. É difícil estereotipá-lo: não é o “vilão”, o “mocinho”, o “gênio” ou o “humilde batalhador”. E, ainda por cima, é banguela (Ou você não sabia que Dan não possui os dentes da frente, fruto de uma manobra errada num treino de wrestling?).
“Só” o que este americano da Califórnia faz é lutar muitíssimo bem. Não deveria ser isso o principal?
Apesar de já ter ostentado o apelido “Hollywood”, por vir dali de perto, Henderson nunca mostrou na mídia a desenvoltura que tem no octógono. Isso ficou evidente quando foi um dos técnicos do reality show “The Ultimate Fighter: Estados Unidos x Reino Unido”, em 2009.
Durante o programa, Dan manteve seu estilo discreto e foi uma apagada sombra para o espalhafatoso técnico adversário Michael Bisping. Quando chegou a hora do combate entre os técnicos, foi a vez de Hendo brilhar, nocauteando brutalmente o inglês no segundo round.
Assim é Dan Henderson. Sua vida é lutar simplesmente contra qualquer adversário, de qualquer peso, em qualquer organização. São impressionantes 39 lutas, nas divisões até 84kg, até 93kg e até 120kg, sem jamais sofrer um nocaute. Não existe luta impossível para o rival de Vitor Belfort este sábado.
Sua carreira é tão impressionante que sinceramente acredito que Hendo é capaz de enfrentar desde o peso pesado Cain Velasquez (108kg) até o peso-mosca Demetrious Johnson (56 kg). Na verdade, acho que ele enfrenta até um urso, desde que seja pelas regras do MMA. Vá lá, o peso-mosca e o urso foram um pouco de exagero. Mas realmente creio que ele aceitaria o desafio de qualquer lutador, do meio-médio (até 77 kg) até o pesado.
Entendo que as suas últimas lutas não foram tão bem sucedidas. Contudo, perder em decisões divididas para os ex-campeões Lyoto Machida e Rashad Evans não é nada mal para um senhor de 42 anos.
Na minha opinião, Hendo é o lendário mais subestimado do mundo. E é um crime não lhe dar o devido destaque. Ainda bem, para nós espectadores, que ele parece não se abalar com isso. Tudo que Dan Henderson quer é deixar seus punhos falarem por ele. Lutar e vencer quem quer que atravesse seu caminho. Vitor Belfort que se cuide…
Ou será que o veterano será uma presa fácil para um embalado Vitor, este sábado? O que acha, amigo leitor?
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