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Opinião: a dias do Mundial, “velha guarda” saúda nova geração do Jiu-Jitsu

Rubens Cobrinha contra Rafael Mendes durante campeonato de Jiu Jitsu

Rubens Cobrinha contra Rafael Mendes (de branco) durante campeonato de Jiu Jitsu. Foto: Ivan Trindade/GRACIEMAG

[ Por Denys Darzi, faixa-preta quinto grau * ]

Escutamos muitas vezes falar que o futebol mudou, que já não existem mais craques como antigamente etc etc. De judocas e até surfistas escuto também as mesmas coisas. Com o Jiu-Jitsu, não tem sido diferente. O pessoal da velha guarda, onde particularmente me incluo, volta e meia vem com os mesmos comentários. Mas será que realmente o Jiu-Jitsu praticado hoje mudou? E se mudou, foi para melhor ou pior?

Não tenho dúvidas de que, sim, o Jiu-Jitsu mudou.

Para mim e muitos amigos com quem converso, essa transformação é notável. Uma evolução técnica fantástica, liderada inicialmente por Rolls Gracie e posteriormente por Rickson, que se intensificou no fim dos anos 1980 e explodiu no início dos anos 1990, quando Royce Gracie assombrou o mundo das artes marciais nos primeiros UFCs. A partir desse momento, o Jiu-Jitsu não parou de evoluir, como consequência do crescimento do número de atletas e das competições, cada vez mais frequentes e muito bem organizadas. Tal evolução, na realidade, reflete um processo geral de profissionalização que atinge de forma positiva todos que estão envolvidos com o esporte.

Nos campeonatos de hoje, salta aos olhos uma nova geração de atletas fantásticos, disputando e vencendo concorrentes de altíssimo nível. Esses lutadores têm conseguido aliar os fundamentos básicos da técnica, parte do “Jiu-Jitsu antigo”, com habilidades e movimentos que são relativamente novos e que foram sendo aperfeiçoados por estes jovens. A evolução do preparo físico dos atletas também chama atenção, pois estão visivelmente mais fortes, mais bem condicionados, e muitos são profissionais do esporte – uma herança de Carlson Gracie, por sua vez.

Acompanhei recentemente um evento de lutas casadas no Rio de Janeiro, e ficou claro para mim que o Jiu-Jitsu está em franca evolução. Estamos atravessando uma fase incrível, com jovens imprimindo atuações de alto nível técnico, conjugando a essência finalizadora do dito Jiu-Jitsu antigo com a riqueza de movimentos deste novo Jiu-Jitsu. Como resultado, temos a oportunidade de assistir a lutas com um refinamento técnico e plasticidade de movimentos que impressionam pela beleza. E, não esqueçamos, pela eficiência também.

O Jiu-Jitsu, não duvidem, é muito melhor hoje, e tais conquistas são irreversíveis. No entanto, não podemos jamais desprezar aquilo que foi desenvolvido por séculos, desde o Japão até chegar ao Brasil. Como também não podemos minimizar a contribuição dos praticantes de cada época no desenvolvimento do Jiu-Jitsu. Por fim, é importante ressaltar que nós, os “antigos”, não podemos deixar de reconhecer o mérito dessa garotada nova que vem praticando um Jiu-Jitsu ofensivo, fluido, inovador e esteticamente agradável de assistir. Esse é o momento de se recuperar o que de positivo se perdeu e fazer um pequeno ajuste na trajetória atual do Jiu-Jitsu.

O principal é evitar os erros cometidos por outras artes marciais, que desprezaram a eficiência para ficarem mais vendáveis para o grande público e a grande mídia. Afinal, o Jiu-Jitsu é uma arte marcial cujo objetivo primordial é a finalização, e toda iniciativa e esforços de praticantes e responsáveis pelo futuro deste esporte de combate devem estar afinados com este objetivo.

* Denys Darzi é professor da escola Soul Fighters.

>>> E você, concorda com a opinião do professor Darzi? Se você é um jovem praticante ou um lutador veterano, comente.

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