Michelle Nicolini provou no último Mundial de Jiu-Jitsu, em Long Beach, por que é uma das atletas mais conceituadas do Jiu-Jitsu feminino.
Para começar, fez o que poucos faixas-pretas conseguiram em Long Beach: finalizar a luta final pelo ouro, como ela conseguiu contra Fernanda Mazzelli, numa de suas eficazes chaves de pé. Foram, no fim das contas, três finalizações em três lutas.
Outro aspecto da conquista da bela lutadora foi o fato de ter entrado no meio-pesado, quando Michelle facilmente poderia estar entre as leves, ou mesmo entre as penas.
Tudo começou a dar certo para a faixa-preta da CheckMat no sorteio das chaves. Do lado de Talita “Treta” Nogueira, Michelle pegou o braço da lutadora da academia Ryan Gracie e viu Fernanda Mazzelli e Hannette Quadros se embolarem pela vaga na final. Mazzelli eliminou Hannette nas vantagens, em luta tensa, e ficou com a vaga.
Na final, Michelle investiu na omoplata, e acabou pegando no pé. Ela conta:
“A finalização deu certo porque ela se levantou para defender a omoplata e eu pude ir para a americana no pé. É uma variação que tenho usado bastante nos treinos, deu certo. Logo no início da luta eu chamei para a guarda aberta, coloquei o pé no bíceps e tentei desequilibrar, mas ela nem se mexeu (risos)! Ali eu vi que teria trabalho!”, relembra Nicolini, após celebrar mais um ouro para a coleção.
Para a atleta, seu segredo não está apenas na alta qualidade técnica e tática, mas na descontração.
“Eu não luto sob pressão, não fico tensa por ter de ganhar, dou risadas e converso com as meninas antes. Não torço contra ninguém, sempre penso positivo e assim consegui fazer mais um bom Mundial. Eu me senti bem lutando no meio-pesado como me sinto bem quando entro no absoluto, o que desta vez não fiz para me concentrar na categoria. Fiz tudo certinho, não tomei nenhum ponto em minhas lutas e saí campeã. Fiz três lutas, finalizei duas no armlock e a final na chave de pé”, conta ela.
Outro ingrediente vital para o sucesso de Michelle no Jiu-Jitsu está na mente, como ela destrincha:
“Eu faço um desenho da luta na minha mente, reflito sobre as opções que posso vir a ter e o que realmente quero fazer para vencer. Quando entro para lutar já está tudo na cabeça, aí só busco colocar a tática em prática”, explica Michelle.
“No fundo, meu estilo de Jiu-Jitsu reflete um pouco minha personalidade. Fico entediada de ficar na cama quando acordo de manhã, levanto logo e vou fazer minhas coisas. Então ser finalizadora, na verdade, resume meu jeito apressado de ser. Se existe no Jiu-Jitsu uma forma de terminar a luta mais rápido, vou atrás disso. Assim posso treinar e repetir mais vezes ou posso descansar mais tempo. Desde o início eu aprendi na minha equipe que devemos buscar a finalização, e quem não gosta de vencer assim?”
Michelle Nicolini adora.
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