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Mendes: “Não é só vencer, é desenvolver o Jiu-Jitsu”

Os faixas-pretas de Ramon Lemos conseguiram um feito inédito no Mundial 2011. Foto: Deb Blyth.

Pela primeira vez em Mundiais, dois irmãos foram campeões de Jiu-Jitsu na faixa-preta no mesmo ano. Um feito e tanto, algo como se Rodrigo Minotauro conquistasse o cinto dos pesados na mesma época em que Rogério Minotouro garantisse o título dos meio-pesados.

Mas o difícil acontece no Jiu-Jitsu, e Rafael Mendes faturou o pena em luta dura contra o estreante no peso Augusto “Tanquinho”, logo depois de Guilherme Mendes ter sua mão levantada ao lado do parceiro Ary Farias, com quem fechou o pluma.

Os manos da Atos Jiu-Jitsu, equipe de Rio Claro, foram encontrados por nossa repórter Deb Blyth no estacionamento do Mundial, e contaram sobre a conquista memorável da dupla.

Gui começou destacando o trabalho mental que precisou realizar para vencer. “No meu primeiro Mundial como faixa-preta, em 2009, eu venci, e fiquei feliz demais. Mas em 2010 me contundi antes do evento, foi duro baixar de peso, tomava medicamento, doía, e perdi”, lembra. “Precisei trabalhar muito meu treino mental para superar a lesão, foi mais duro mentalmente do que fisicamente”.

Mas ele conseguiu, voltou a treinar bem (Jiu-Jitsu três vezes por dia e parte física uma vez por dia) e chegou ao bicampeonato. A confiança veio não só do suor, mas das conversas com os amigos de academia. “Conversamos muito sobre nossos objetivos. Porque é muito duro se manter lá em cima, o pessoal estuda seu jogo demais, então é preciso não parar, continuar evoluindo constantemente para estar um nível acima da concorrência e vencer”.

Além de irmãos, Gui e Rafael são melhores amigos, e o Jiu-Jitsu os deixa cada vez mais unidos. “Foi um Mundial perfeito, meu irmão é tudo para mim”, emociona-se Gui. “Queremos ganhar muitas vezes ainda, e nos tornarmos lendas do esporte. Somos jovens ainda, temos um estilo de vida saudável e focado, podemos conseguir”.

Mas o sucesso não vem só do estilo e da alimentação. Ocorre que os irmãos sempre foram magrinhos, e viram que para sobreviver na academia seria preciso criatividade. “Éramos jogados de um lado para o outro, todo mundo era maior que nós, atacavam nossas costas toda hora. Vimos que era preciso criar nossas próprias posições, golpes moldados especialmente para a gente”, lembra Rafa. “Hoje retribuímos ensinando tudo. Nosso sonho é ver as pessoas procurando o Jiu-Jitsu porque viram nossas lutas”.

“Não é só vencer, sabe. É tudo para desenvolver o Jiu-Jitsu, o nosso e da comunidade em geral”, finaliza Gui.

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