O faixa-preta Marcos “Santa Cruz” Oliveira sempre foi bom em correr atrás, desde seu começo de carreira no Jiu-Jitsu.
De fato, quando ainda gostava mais de competir no wrestling, mirando Olimpíadas e outros voos, Marcão protagonizou uma das cenas mais curiosas do evento Submission Wrestling de Campos, evento sem kimono organizado pelo faixa-preta Leandro Ribeiro na praia do Farol.
Marcão fazia uma superluta no estilo greco-romano, com as vestes clássicas da luta olímpica, e enquanto tentava derrubar o oponente, começou a escutar a provocação, vinda da arquibancada móvel: “Ô grandão, que maiô lindo hein!”. A torcida ria, e o incauto provocador foi se empolgando, berrando coisas do tipo. Até que Marcão esqueceu da luta e saiu bufando atrás do torcedor gaiato, que deve estar correndo até agora pela areia ou pelas águas de Campos dos Goytacazes. Era dura a vida de Marcão Oliveira ali por 2004.
Depois que ele recebeu o convite de ensinar em Abu Dhabi, sua vida mudou. O faixa-preta continuou correndo atrás, mas não daquele jeito. Passou a ganhar a vida dando aulas de Jiu-Jitsu e wrestling na capital dos Emirados, fez nome no MMA e virou um dos competidores mais respeitados do país.
No último WPJJC, em abril, provou seu valor mais uma vez. Na divisão faixa-preta master 1, Marcão foi o campeão tanto no peso pesadíssimo como no absoluto. Foi seu quarto título no Abu Dhabi World Pro, por sinal. E certamente o mais duro.
“Fiz sete lutas no total, quatro no peso e três no absoluto. Só tinha pedreira este ano no master: Rodrigo Cavaca, Antonio Peinado, Rolles Gracie, Alan Finfou, Tarcisio Jardim, Max Carvalho. Na final do absoluto eu ganhei do cara que eliminou o Xande Ribeiro, a pedreira Paulo Pinto. Ele é chato jogando por cima, muito duro. O Bráulio Estima também estava inscrito, mas o absoluto começou a demorar e ele, que já tinha vencido o peso, foi embora”.
Marcão, no peso, superou na final um lutador do Egito, comprovando o caráter cada vez mais internacional do evento em Abu Dhabi. As vitórias contra Rodrigo Cavaca e Peinado no evento deste ano empolgaram o marido da faixa-preta Carol de Lazzer, que já tem planos para 2017: enfrentar Marcio Pé de Pano.
“O Jiu-Jitsu transformou minha vida e sou agradecido, mas já estou conversando com a Carol sobre a possibilidade de encerrar meu ciclo no WPJJC, e me dedicar nos próximos dois ou três anos ao MMA. Mas não queria deixar de participar em 2017, por isso torço muito para ser chamado para uma das superlutas de lendas, quem sabe contra o Pé de Pano? É meu camarada e um lutador que admiro muito desde 2002, quando ele já finalizava todo mundo no Jiu-Jitsu. Hoje sou o lutador número um no ranking master e sou bicampeão peso e absoluto. Não tem hora melhor para uma superluta e depois pendurar o kimono – para um moleque nascido e criado em Santa Cruz, foi muito mais que um sonho, mesmo nos meus sonhos mais positivos era difícil imaginar que isso tudo iria acontecer em minha vida”.
Um duelo entre Pé de Pano e Marcão não seria inédito. “Já lutamos no ADCC 2007, foi parelho, ele venceu na decisão do juiz. Adoro o Pé e sei como ele é perigoso, mas acho que com a torcida do meu lado eu vou crescer ainda mais, e faríamos um duelo inesquecível”, aposta o professor radicado em Abu Dhabi, que também pensa em MMA. Entre seus planos, estão lutas de MMA na Índia, no Desert Force árabe e quem sabe no Rizin japonês, no ano que vem.
Marcão no entanto tem planos mais imediatos: esperar a segunda filha. “Quero organizar a casa aqui nos Emirados e a cabeça, pois em junho está chegando nossa princesa, a Maria Victorya”, ele sorri, realizado no lar e no dojô.
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