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Jon Jones, Glover e a importância do Jiu-Jitsu como defesa pessoal

Jon Jones solta a cotovelada em Glover na luta em Baltimore: recursos da defesa pessoal do Jiu-Jitsu. Foto: Patrick Smith/Zuffa LLC

Jon Jones solta a cotovelada em Glover na luta em Baltimore: recursos da defesa pessoal do Jiu-Jitsu. Foto: Patrick Smith/Zuffa LLC

Defensor ferrenho do ensino do Jiu-Jitsu como defesa pessoal, mestre Pedro Valente publicou um texto em seu blog comentando a vitória de Jon Jones em cima de Glover Teixeira. O médico e professor de Jiu-Jitsu lembrou algumas lições de Helio Gracie ao ver o americano em ação. Confira o artigo original e comente o que achou.

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Jon Jones x Glover Teixeira (por Pedro Valente)

Muitos praticantes de artes marciais, até mesmo por desconhecimento e falta de experiência com a defesa pessoal do Jiu-Jitsu de Helio Gracie, constante do currículo de nossas academias Valente Brothers, questionam a eficiência da defesa pessoal numa luta.

Na disputa entre o americano Jon Jones e o brasileiro Glover Teixeira, a importância da defesa pessoal foi comprovada mais uma vez.

Até que o brasileiro começou bem, indo para cima, e logo de início fazendo Jones sentir o peso de sua mão. Entretanto, no primeiro clinche, ainda no primeiro round, Jones surpreendeu ao aplicar um fundamento da defesa pessoal do Jiu-Jitsu.

Aproveitou o braço semiesticado de Glover e, em vez de esgrimar por baixo do braço, enrolou o braço do brasileiro por cima, aplicando a torção, numa defesa típica do Jiu-Jitsu, lesionando o ombro direito do Glover – no intervalo, o brasileiro pediu ao córner que pusesse gelo na sua articulação.

Com isso, Jones, usando um golpe clássico de defesa pessoal do verdadeiro Jiu-Jitsu esquecido por muitos, tirou o poder de nocaute justamente da pesada mão direita do raçudo Glover Teixeira, que assim perdeu em grande parte o seu poder de fogo e a possibilidade de ganhar a luta por nocaute. O dedo no olho também ajudou a desestabilizar o brasileiro. Mas isso é outra conversa.

No auge da campanha contra os “arruaceiros lutadores” de Jiu-Jitsu, por parte da mídia em nosso país, publiquei em 1995 um artigo no “Jornal do Brasil”. Nesse artigo, antevi que o Jiu-Jitsu desenvolvido pelos Gracie estava sendo descaracterizado e que dentro de alguns anos seria em grande parte esquecido nos seus fundamentos.

Não deu outra: hoje o Jiu-Jitsu, que como dizia grande mestre Helio Gracie não é um esporte e sim uma arma de ataque e defesa pessoal, através de campeonatos que priorizam regras esportivas para a contagem de pontos, desvirtuou-se, esquecendo-se da defesa pessoal, transformando a genuína arte suave em um limitado esporte de competição que se tormou vulnerável no vale-tudo.

Está na hora de os brasileiros, professores de Jiu-Jitsu, fazerem uma reflexão e, em vez de considerarem o Jiu-jitsu Gracie de raiz ultrapassado, como muitos pensam, voltar a aprender e ensinar que o autêntico Jiu-Jitsu não é baseado em simples regras de competição e sim nas técnicas milenares da luta em pé, da luta no chão, da defesa pessoal, dos golpes traumáticos e, principalmente, na sua filosofia que vem dos samurais.

Hoje, curiosamente, o que vemos no MMA é o redescobrimento destes fundamentos do Jiu-Jitsu pelos estrangeiros: cotoveladas, pisão, quedas, finalizações no chão e até golpes de defesa pessoal, tipicamente do antigo Jiu-Jitsu (ao qual nos mantemos fiéis), como vimos nessa última luta no UFC 172.

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