Atleta Braus Fight, prata como faixa-marrom no último Europeu de Jiu-Jitsu, Kalim Mastouri se prepara rumo a um grande desafio em sua trajetória no esporte. Kalim está marcado para estrear no cenário profissional pela Copa Podio no próximo mês de agosto, em Balneário Camboriú, representando um país com relevância crescente no Jiu-Jitsu: a França.
Aluno da ZR Team em Nice, Kalim cresceu no Jiu-Jitsu com suporte do faixa-preta brasileiro Christian Rodrigues. Há mais de uma década radicado na França, Christian tem uma projeção otimista do Jiu-Jitsu por lá:
“O começo foi complicado na França”, lembrou Christian à reportagem de GRACIEMAG. “O governo cedia espaços pra professores de artes marciais e estes por vezes não cobravam para ensinar. Implantar o formato clássico, com ensino de qualidade do Jiu-Jitsu com academias modernos e mensalidade foi uma barreira superada, mas gerou frutos. Hoje temos atletas mais empenhados na prática e nas competições, e o Kalim é um exemplo disso. Vejo ele puxando uma nova geração de competidores com garra e determinação para brigar no cenário profissional mundo a fora.”
Em papo com o GRACIEMAG, Kalim contou sobre suas expectativas para a competição, além de falar sobre seu inicio na arte suave e o caminho que percorreu até os dias de hoje. Confira a entrevista nas linhas abaixo!
GRACIEMAG: Como você começou no Jiu-Jitsu? O que te fez treinar?
KALIM MASTOURI: Quando era criança, minha meta era ser jogador de futebol profissional como o Cristiano Ronaldo, mas sempre tive atração pelos esportes de combate. Apesar de não ser muito esforçado, gostava de praticar judô, fazia boxe francês e até lutava. Eventualmente, passei a ter preferência pelos esportes de combate não traumáticos, mas não gostei da forma de combate no judô. Não fazia sentido uma luta ser finalizada com uma queda. Meu pai costumava trazer para casa DVDs de MMA do Pride e eu via os atletas de Jiu-Jitsu vencerem, mas sem saber o esporte que eles praticavam. Quando perguntei ao meu pai, ele me falou que era “judô brasileiro” e isso ficou na minha cabeça.
Um dia, fui praticar judô em outra academia e, ao final da minha aula, vi uns caras com kimonos estranhos fazendo técnicas que eu nunca tinha visto. Quando perguntei, me explicaram que o esporte se chamava Jiu-Jitsu brasileiro ou BJJ, como chamamos por aqui. Esperei o fim do meu contrato com o judô e pedi ao meu pai para ingressar no Jiu-Jitsu. Inicialmente, ele não ficou muito animado, pois não haviam crianças nas aulas, mas eventualmente eu consegui entrar pro Jiu-Jitsu e desde então não parei mais de treinar.
Em que momento você percebeu que levaria o esporte mais a sério?
Meu professor Christian tinha fé em mim desde a faixa-verde. Ele chegou até a conversar com meu pai para que eu participasse do Pan Kids, mas nessa época eu entendia pouco sobre o mundo e a comunidade do Jiu-Jitsu. Comecei a levar realmente a sério quando lutei no France National Pro. Lutei na divisão de adultos e venci todos os meus duelos sem sofrer qualquer pontuação, lembrando que os adversários vieram de toda a Europa. Depois de obter o ouro neste evento, senti mais confiança e passei a ver o Jiu-Jitsu de um jeito diferente.
Como é seu relacionamento com o professor Christian? O que ele representa para você?
Ele sempre diz que é uma relação pai e filho, e eu concordo. Comecei a treinar em fevereiro de 2012 e aprendi valores como lealdade, paciência, resiliência e espírito de equipe. Por causa dele, conheci a linhagem do esporte e da nossa equipe, que passei a amar. Tenho muita sorte de ter tido um professor assim desde o meu primeiro dia, sempre dando o exemplo de como eu devo ser.
Algum atleta europeu da Copa Podio serviu de inspiração para você representar a França no torneio?
O primeiro europeu que me chamou a atenção na Copa Podio foi o Espen Mathiesen, da Kimura-Noruega,
e estou honrado e orgulhoso de ser o primeiro francês a participar da Podio. Fico feliz em ver que alguns franceses me apoiam, mas o que me deixa realmente feliz, que me leva a ser melhor a cada dia nos treinos e me dá fome de vitória é representar a ZR Team nos maiores eventos brasileiros. Luto por todos os meus irmãos da ZR ao redor do mundo, para representá-los, defender nossas cores e mostrar ao mundo inteiro que somos os melhores. Estamos vindo com tudo. Sou um soldado da ZR Team e vou mostrar isso.