“Com amor, foco e disciplina, nenhuma meta é impossível e nenhum objetivo é inalcançável” ensina Ivan Rocha, GMI e professor de renome no cenário mundial do Jiu-Jitsu. Conhecido como “Cabecinha”, Ivan utiliza sua experiência, acumulada ao longo de 22 anos na arte suave como atleta e instrutor, para guiar e incentivar alunos a mostrarem seus melhores resultados dentro e fora dos tatames.
Com 15 anos investidos no ensino do Jiu-Jitsu, Ivan foi um dos pioneiros do esporte na Itália, onde liderou e fortaleceu a Gracie Barra Milão, firmando o status da equipe como uma das mais fortes da região. Apesar de seu sucesso na esfera competitiva, Cabecinha reserva seu fascínio pelo poder transformador do Jiu-Jitsu e ressalta como a arte suave tem o potencial para mudar a vida de todos, independente de características e dificuldades individuais.
Firme em sua missão de construir um mundo melhor através do Jiu-Jitsu, Ivan papeou com GRACIEMAG para explicar como a arte suave o ajuda a tocar a vida de seus alunos, a importância da dedicação e do amor no esporte e como a paixão pelo ensino contribuiu para sua evolução nos tatames. Confira nas linhas abaixo!
GRACIEMAG: Como foi o seu início no esporte?
IVAN ROCHA: Meu primeiro contato com o Jiu-Jitsu foi pela televisão, ao assistir as lutas da família Gracie no Pride. Como eu já conhecia a arte marcial, não hesitei quando um amigo me convidou para um treino na casa dele. Tinha 17 anos na época e fiquei uma semana na casa dele, treinando e me apaixonando pelo Jiu-Jitsu. O esporte mexeu comigo de uma forma inédita, então não demorei para procurar uma equipe de Jiu-Jitsu e começar a treinar de verdade. Foi aí que conheci o professor Caveirinha, que na época liderava a Gracie Barra Caveirinha aqui em Belo Horizonte, e dei o primeiro passo na minha carreira na arte suave.
Assim que começou a prática, já teve interesse em competir?
Sempre fui muito competitivo e um dos fatores que atraiu a minha atenção para o Jiu-Jitsu foi o fato de que qualquer pessoa, independente de idade ou forma física, podia competir. Lutei meu primeiro campeonato ainda na adolescência, com dois meses de treino e pesando 64Kg. Foi uma sensação única, um misto de empolgação e alegria que alimentaram ainda mais a minha crescente paixão pelo Jiu-Jitsu. Competi bastante até a faixa-roxa, mas decidi me dedicar mais às aulas e acabei desacelerando na marrom e na preta. Queria que meus alunos sentissem a mesma alegria que sentia no Jiu-Jitsu, então preferi dedicar meu tempo a alimentar esse sentimento de conquista em cada um deles.
Em que ano você pegou a faixa-preta e das mãos de quem? Qual a melhor memória deste dia?
Conquistei a faixa-preta em 2010, pelas mãos do meu amigo Alexandre Batatinha, na Itália. Após longos dez anos de Jiu-Jitsu, receber a preta com o tatame cheio, cercado de alunos e amigos, foi uma experiência única e inexplicável. A energia naquele dia era só amizade, alegria e parceria, conseguia sentir que todos estavam felizes pela minha conquista. Diante de tudo isso, não aguentei e chorei igual uma criança (risos). Sempre digo que a emoção desse dia só perde para o nascimento do meu filho, que foi o dia mais emocionante da minha vida.
Você mencionou anteriormente que sua carreira de competidor acabou ficando em segundo plano, com a ocupação de professor se tornando a sua prioridade no Jiu-Jitsu. A que se deve esta mudança?
É difícil desempenhar esses dois papéis com excelência, por conta do esforço físico e mental que o Jiu-Jitsu exige de seus praticantes. Tive uma queda no meu rendimento como atleta, mas recebi em troca muita experiência e evolução como professor. É muito gratificante ver meus alunos superarem desafios e lutarem com paixão para conquistar o pódio. Essa emoção é algo que pude sentir com frequência, por conta da equipe forte e competitiva que formei na Itália. Meus alunos participavam de quase todos os campeonatos e tive a honra de assistir suas conquistas dentro e fora do país. Para um professor, essa é uma experiência que não tem preço, é o sonho de todo profissional que se dedica ao ensino. Ver a vitória dos meus alunos é algo que me completa e me faz feliz.
Qual o melhor ensinamento da sua época de atleta que você sempre passa aos seus alunos?
Gosto de ressaltar a importância de dar o nosso melhor em tudo que fazemos. Com amor, foco e disciplina, nenhuma meta é impossível e nenhum objetivo é inalcançável. Aprendi isso na minha fase de competidor, quando lutava com raça e sem dar importância às dificuldades, sempre focado na alegria da vitória. Ensino aos meus alunos que a técnica e a vontade caminham lado a lado, sempre dependendo uma da outra para que você seja triunfante. Esses dois fatores dependem apenas da dedicação, que por sua vez depende do quanto você quer ser vitorioso.
Qual é a chave para ter uma equipe bem-sucedida no Jiu-Jitsu?
Acredito que o sucesso e a evolução de uma equipe dependem muito de quanto o líder ama o trabalho e se dedica ao mesmo. Quando o professor sente amor por seu ofício e propaga valores positivos, como disciplina e respeito, os alunos passam a sentir orgulho e gratidão de fazer parte da equipe. São esses os sentimentos que impulsionam esses praticantes e que aumentam o rendimento de cada um deles como atletas. Tudo isso parte do amor do professor, pois quem ama se dedica e busca evoluir, de forma a dar o seu melhor e instigar seus alunos a fazer o mesmo.
Já experiente e com muitos anos de bagagem no Jiu-Jitsu, como a sua visão da arte marcial mudou desde a sua época como faixa-branca?
Hoje tenho uma compreensão mais profunda do Jiu-Jitsu. Ele é mais que um esporte, é um estilo de vida voltado para formar pessoas de bem, com mentes fortes e corpos saudáveis. Desejo que todos tenham a oportunidade de experienciar o que o Jiu-Jitsu proporciona, pois vai muito além do bem estar. Sinto muita gratidão por ter conhecido essa arte marcial e por saber que, através dela, estou contribuindo para tornar a vida dos meus alunos melhor, formando pessoas equilibradas e, desta forma, fazendo minha parte para criar um mundo melhor.
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