É uma questão clássica na história do vale-tudo, ou do MMA (ou do próximo nome que o esporte terá em algumas décadas).
Basta aparecer um monstro como Fedor Emelianenko, ou Anderson Silva, ou agora Jon Jones, que o fã se excita, e o comentarista mais engraçadinho faz bravata: “Esse aí não perde nem com um dos braços amarrados!”. Ou então, “Só dois ao mesmo tempo para parar o campeão, amigo!”.
Lutar em duplas (ou mais) é coisa de filme de Bruce Lee, ou coisa do teatro do pro-wrestling. Mas acontece na vida real.
Na década passada, ficou famoso um causo do então astro do UFC e do Pride Carlos Newton, que numa confusão num restaurante teria sido obrigado a encarar 12 ao mesmo tempo. Segundo as testemunhas que juram que tudo aconteceu, o lutador canadense saiu-se muito bem, obrigado – apesar dos pratos e talheres lançados por cima do balcão.
Mas briga de leigo cada um que lembre a sua. O que está em questão aqui é o Jiu-Jitsu como defesa pessoal. Como salvação num caso extremo, e como curiosidade também, claro.
Por exemplo. Seria Jon Jones, o melhor meio-pesado do UFC hoje, capaz de superar com facilidade uma dupla de magrelos, vejamos, como os irmãos Rafael e Guilherme Mendes numa situação real?
Para o treinador de MMA e cartola do Jungle Fight Luis “Bebeo” Duarte, Jon Jones não teria a menor chance numa luta de Jiu-Jitsu. No MMA, porém, a coisa engrossaria. “O primeiro cairia com uma costela arriada em segundos, e aí o outro ia precisar sair correndo”, brinca o faixa-preta de Carlson Gracie.
“Não vemos jeito de ganhar do Jon Jones”
Para os próprios manos, a coisa seria bem complicada. Sim, Rafa e Gui apostariam em Jon Jones nesta. “Caramba, não vejo jeito de a gente ganhar dele, nem os dois juntos!”, ri Rafael. “É uma estratégia difícil de montar. O jeito é um de nós se dispor a ser nocauteado, enquanto o outro se embola nas pernas dele. Quem sabe não sai uma pegada de costas ou uma chave de pé? Sim, porque botar para baixo não vai dar, então acho que esta é a única alternativa. Um é o alvo, o outro se embola”.
http://www.youtube.com/watch?v=1_EHjfIgnm4
Seria tão fácil assim para o queridinho do UFC? Para pelo menos um professor de Jiu-Jitsu brasileiro, não. Muito pelo contrário.
“Para dar uma moral para o Jones, em dez lutas, eu digo que ele venceria uma. Os Mendes venceriam nove”. É a aposta de Claudinho Arrais, aluno de Rilion Gracie e co-organizador de campeonatos de Jiu-Jitsu da IBJJF no Sul do Brasil. Ele diz isso a sério. E com conhecimento de causa.
“Dois normalmente ganham de um”, diz professor
Em 1996, Claudinho foi com Rilion visitar Royce Gracie na academia de Torrance. O debate após o treino passou a ser este, de que um faixa-preta experiente poderia vencer dois praticantes mais novos. Rilion não teve dúvidas. Chamou o sobrinho Igor Gracie e um coleguinha, e convidou o incrédulo grandão, que achou que seria brincadeira de criança afugentar dois molecotes de 13 anos. O casca-grossa vestiu a luva de boxe. Os dois não podiam bater, era só agarrar.
Na primeira, os dois vieram ciscando, um de cada lado, a adrenalina a mil. Quando um se aproximava por um lado, o outro já pegava as costas. Vitória da duplinha no mata-leão. O derrotado disse que perdeu porque teve medo de machucá-los, e prometeu ir com tudo na segunda. Foi ainda mais rápido e fácil – outra derrota por finalização, no estrangulamento.
“Enquanto os ataques estão voltados para um, o outro tem muito espaço para agarrar. Nocautear não é assim tão simples. Entre lutadores experientes, dois sempre ganham de um, não importa o tamanho. Jon Jones não teria chance”, garante Claudinho.
E para você leitor? Você leva fé no quê? Quantos irmãos Mendes venceriam um Jon Jones?
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