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Se você é daqueles atletas que treinam sem parar, na busca incessante de reduzir seu percentual de gordura a perto de zero, pense de novo. A gordura pode ser um aliado do lutador de Jiu-Jitsu, e não um grande vilão.
Nas academias, é comum ouvir comentários como “Estou com só 3% de gordura”, ou “Estou seco! Quase sem gordura”. Para o faixa-preta e doutor em fisiologia Alex Souto Maior, preparador físico especialista no assunto, a ciência da queima de gordura é um pouco mais complicada.
“Primeiro, com 3% de gordura qualquer pessoa estaria morta”, exemplifica Alex. “É mais provável que esses 3% sejam em torno de 10%, mas mesmo essa gordura é essencial para o bom funcionamento da máquina corporal do competidor. Uma medida regular entre indivíduos varia entre 12 a 18% de índice de gordura para homens, e entre 15 e 20% para mulheres – claro, sem deixar de lado a individualidade biológica. Um atleta pode estar bem energeticamente com 10%, enquanto para outro o ideal talvez seja 20%.”
Segundo o especialista, existem três maneiras de aferir com eficácia o índice de gordura do indivíduo. São elas: direta, indireta e duplamente indireta. A medição com adipômetro se enquadra nas duplamente indiretas, que são medições meramente superficiais do acúmulo adiposo. E pinçar o corpo do atleta não é suficiente para uma aferição próxima da realidade. As medições com instrumentação serviriam, apenas, para dar uma noção ao atleta sobre o quanto ele tem de tecido adiposo.
Para uma medição mais próxima acessível ao atleta, ele recomenda a bioimpedância, um teste corpóreo que pode ser
feito em clínicas com estímulos elétricos. Esta já se enquadra na medição indireta. E como seria uma medição direta, na qual o lutador pode saber seu real índice de gordura?
“O atleta não precisa pensar nesta. A medição direta se verifica apenas com dissecação cadavérica. O cara que quiser ter seu índice exato teria que morrer”, brincou.
A sério, a medição mais próxima da exatidão que o curioso atleta pode fazer se chama Dexa. Feito em laboratório, o exame combina ressonância, densidade óssea e outros fatores para fazer uma comparação corpórea e chegar mais próximo a um resultado preciso.
“As gorduras são essenciais na produção de hormônios, como testosterona e cortisol, além de auxiliar a sintetizar vitaminas A, D, E e K”, reforça. “E o corpo usa gordura como combustível para os músculos. Um músculo desenvolvido queima muito mais gordura; por isso o atleta por vezes tem um índice mais baixo do que outras pessoas. Quanto menos gordura acumulada no corpo, mais os músculos dele consomem essa gordura, e mais força são capazes de gerar. Hoje em dia, nos campeonatos, a força pode ser o diferencial entre o vencedor e o perdedor. Claro que a técnica supera a força, mas em um embate de níveis técnicos similares, a força pode ser o fator decisivo. Daí a importância do assunto para o competidor em especial.”
Para que a gordura seja sua aliada nos treinos, opte pelas de origem vegetal, as chamadas gorduras insaturadas, muito mais facilmente metabolizadas pelo corpo.
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