Antes de lutarem no evento de Dana White, dezenas de americanos e brasileiros do Jiu-Jitsu começaram a ficar famosos nos torneios de Claudio França, faixa-preta desde 1990.
O professor de Jiu-Jitsu radicado em Santa Cruz ajudou a catapultar para a fama nomes como BJ Penn, Nick & Nate Diaz e muitos outros, graças a campeonatos impecáveis e pioneiros como o US Open, produzidos tanto para a criançada iniciante como para os veteranos e cascudos.
O GRACIEMAG.com bateu um papo com o organizador, que promove campeonatos desde 1987, para saber seus planos para a temporada 2013, na Califórnia. Confira!
GRACIEMAG.com: Você acompanha de perto o crescimento do Jiu-Jitsu nos EUA faz tempo. Como está o aumento da garotada que pratica Jiu-Jitsu hoje por aí?
CLAUDIO FRANÇA: Impressionante. Quando cheguei aos EUA, em 1994, não havia crianças treinando. Apareciam três ou quatro crianças, menos de 10% da academia. Hoje na minha academia mais de 50% dos alunos são crianças. Na American Cup, um dos torneios que organizo, anualmente vêm cerca de 400 crianças.
GRACIEMAG.com: Quais são seus próximos planos em relação a campeonatos, professor?
CLAUDIO FRANÇA: Meu próximo evento é o All Star, a ser realizado no Santa Cruz Civic Auditorium nos dias 16 e 17 de fevereiro. É o mesmo local onde era realizado o US Open. O bacana é que foi nesse local, há 16 anos, que organizei o primeiro US Open de Jiu-Jitsu, quando o Jiu-Jitsu ainda engatinhava por aqui. E o US Open foi um sucesso. No primeiro evento, em 1996, foram 150 lutadores. Hoje, são mais de mil, o local ficou pequeno e tive de mudar. Mas o espaço é maneiríssimo, é o único auditório grande da cidade. Já teve show do Bob Marley, eventos de boxe e de MMA. Quando tem show de algum artista famoso na área, geralmente são no Civic Auditorium. É um auditório construído no início do século passado, mas que teve uma série de melhorias. As poltronas são confortáveis, a arquitetura muito bonita, os vestiários, então é um espaço agradável para um campeonato de Jiu-Jitsu. E ainda respira tradição.
Como surgiu a ideia do All Star?
Como eu tive de mudar o local de meus dois torneios mais procurados, o US Open e a American Cup, para San Jose, em busca de um ginásio maior, o pessoal aqui de Santa Cruz – donos do comércio, hotéis da área e outros locais – me telefonou, lamentando muito que os torneios não fossem mais aqui na cidade. Eles afirmaram que o impacto econômico era muito bom, a cidade ficava cheia e as vendas aqueciam. Ao mesmo tempo, os competidores reclamavam por não ter mais eventos em Santa Cruz, uma cidade pequena mas que todo mundo adora visitar. Passar um fim de semana em Santa Cruz é que nem passar um fim de semana em Búzios, Saquarema, para os brasileiros entenderem. Tem praia, tem altas ondas, surfe.
E aí surgiu o All Star, em 2012.
Foi. Para dar esse suporte à comunidade de Santa Cruz, criei o All Star Brazilian Jiu-Jitsu ano passado, na cidade em que eu moro, em que minha família mora, onde tive minha primeira academia. Além disso, a cada campeonato que organizo, 20% das vendas são doados para o Harvest Food Bank, uma ONG muito legal, eles tentam acabar com a fome aqui em Santa Cruz. É um banco de comida, e pessoas que estão passando necessidade, que perderam emprego, que não tem condições de comprar comida para suas famílias, passam lá e levam alimentos de graça.
O All Star já aumentou de 2012 para 2013?
Sim, o All Star ano passado foi só para adulto, mas este ano será para as crianças também. Teremos ainda categorias femininas e master. Um dia antes do torneio, dia 15 de fevereiro, teremos na minha academia um seminário de regras com o diretor da IBJJF Alvaro Mansur, faixa-preta quinto grau, em que ele vai detalhar as novas regras do esporte, explicando as mudanças recentes. Todos os nossos árbitros vão estar lá para ver isso. Todos os participantes vão ganhar um certificado da IBJJF. E quem estiver inscrito no All Star tem 50% de desconto.
Algum lutador favorito vai estar no All Star?
Na faixa-preta, vamos ver a estreia de um dos mais promissores atletas da nova geração do Jiu-Jitsu aqui nos EUA, o nome dele é Nathan Mendelsohn. Nathan é meu aluno desde os 10 anos de idade. Eu dei a faixa-preta para ele no fim de 2012, e ele é um excelente competidor, tem mesmo muito talento.
Você sempre treinou com o grande mestre Francisco Mansur?
Eu comecei a treinar criança, era levado pelos meus avós e minha mãe. Primeiro treinei judô e depois me transferi para a academia Kioto de Jiu-Jitsu, do grande mestre Francisco Mansor. Tenho treinado com ele até hoje. Agora estamos um pouco distantes mas, mesmo ele morando em Nova York, continua meu amigo, meu professor e meu mentor. É a pessoa que eu mais ouço no Jiu-Jitsu. Obviamente, em todos esses anos, várias pessoas me ajudaram, não só tecnicamente como moralmente, a desenvolver meu Jiu-Jitsu.
Por que você promove campeonatos?
Dá muito trabalho, mas é uma missão que tem ajudado muito a promover e disseminar o Jiu-Jitsu aqui no norte da Califórnia. Eu me vejo como um dos pioneiros do esporte aqui, pois eu lembro quando o Jiu-Jitsu era algo desconhecido por aqui. Hoje, a região de San José recebe lutadores de todos os cantos dos EUA, e o US Open pode ser considerado um torneio internacional, pois vem gente do mundo inteiro, como Japão e países da Ásia, Oceania, América do Sul, Europa etc.
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