Aniversariante da semana, o Rei do Futebol começou sua vitoriosa carreira de kimono e faixa-branca.
Sim, Pelé, ou Edson Arantes do Nascimento para os não íntimos, era um adepto das artes marciais. E não praticava apenas por prazer, mas por ver nas lutas diversos benefícios físicos e mentais.
Eleito o “Atleta do Século XX” pelo jornal francês L’Équipe e pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), Pelé lançou uma série de livros ao longo de sua carreira. É no seu “Pelé, a autobiografia” (Editora Sextante), de 2007, que o gênio da bola distribui uma série de lições úteis a artistas marciais e a você leitor, praticante de Jiu-Jitsu.
Hoje, o GRACIEMAG.com relembra algumas dicas do artilheiro dos mil gols, para nossos leitores lutadores terem o mesmo sucesso – ou, vá lá, quase o mesmo sucesso – do eterno craque.
1. A chave de braço quase fatal
Menino na cidade de Bauru, São Paulo, o pequeno Edson quase perdeu a vida por não saber lidar com uma singela chave de braço. Foi num dia de calor, quando brincava numa cachoeira lamacenta, que o futuro rei tomou um de seus maiores sustos. “Eu estava nadando com alguns amigos quando um garoto grandalhão chamado Zinho me puxou para a parte funda do rio. Eu me debati com as pernas enquanto ele me dava uma chave de braço. Mais ou menos no meio do rio, acabamos enroscados um no outro, eu prendendo as pernas dele – e foi o suficiente para começarmos a nos afogar.” Foram salvos por um adulto que passava, e que esticou uma vara para os dois molecotes. “Ele nos salvou. Depois disso, lembro de sentir que Deus devia estar de olho em mim, exatamente como no dia em que eu quase caí de um trem.” Um perigo estúpido porém real, que algumas simples aulas de Jiu-Jitsu teriam sido suficientes para evitar.
2. O pai Dondinho e o conselho
O ex-jogador Dondinho flagrou certo dia o filho Pelé com um cigarro. O jogador devia ter uns 13 anos. Em vez de uma boa surra, recebeu do coroa um conselho, olho no olho: “Você tem talento para o futebol. Pode até virar um craque, mas não vai fazer sucesso nessa profissão se fumar ou beber. O seu corpo não vai aguentar.” Desde então, Pelé nunca mais tocou num cigarro.
3. O dia em que o rei quis desistir
Antes de se tornar craque e vencedor, Pelé sofreu uma derrota marcante. Num jogo entre seu Santos e o Jabaquara, no sub-16, o jovem artilheiro chutou um pênalti por cima do travessão, e o time perdeu o caneco. Pelé chorou, transtornado. Na manhã seguinte, perto de 6h30, acordou e quis deixar o clube, onde morava. De malas prontas para voltar para casa e desistir de tudo, foi barrado pelo funcionário Sabuzinho. “Quando ele entendeu o que eu estava tentando fazer, Sabuzinho me deu uma importante lição de moral. Todo mundo comete erros de vez em quando, ele disse; o segredo é aprender com eles, não desistir por eles.”
4. Pelé e o judô
Perfeccionista ao extremo, dono de rara compleição física, Pelé repetia e repetia os fundamentos, como chutes e pulos para cabecear. “Treinava mais o meu pé esquerdo, que tinha menos potência do que o direito”, ensina. Foi no início de carreira, em 1957, que experimentou as artes marciais. Ciente de que o preparo físico seria fundamental em sua vida de jogador, ele investiu nas lutas: “O Santos tinha um ginásio, e, durante um ano, aprendi karatê, que foi muito importante: me ensinou a cair e saltar. Depois disso, aprendi judô, que me ajudou a aprimorar o equilíbrio e a agilidade. Quando eu driblava os adversários, dificilmente caía”.
Parabéns pelos 80 anos, Pelé, e obrigado.
**** Artigo publicado originalmente nas páginas de GRACIEMAG #210. Para assinar sua revista de Jiu-Jitsu predileta e aprender com artigos assim todo mês, agora em formato digital, clique na imagem a seguir.
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