Na vida, como no Jiu-Jitsu, os obstáculos nunca desaparecem, apenas mudam de forma ou intensidade.
Para o GMI Lúcio “Charly Brown” Fernandes, professor da Gracie Barra Paraíba, as primeiras dificuldades no Jiu-Jitsu começaram bem cedo, quando a criança que tomava gosto pelos treininhos não tinha dinheiro para pagar o ônibus até a academia.
Confira como o faixa-preta da GB superou, um a um, os problemas que surgiram em sua vida, de praticante, de competidor e por fim de professor e administrador de academia.
Confira a seguir o que aprendemos com a jornada de Lucio rumo a uma academia de sucesso, em João Pessoa, PB!
“Dou aulas há 20 anos, desde 1998. Quando comecei no Jiu-Jitsu, a academia mais próxima da minha casa ficava a 40 quilômetros de distância. Mas a paixão e a vontade de seguir esta estrada era maior”.
“Hoje sou professor de Jiu-Jitsu faixa-preta três graus, e resido em João Pessoa, na Paraíba.”
“Quando comecei a treinar, o problema não era que nossa arte tinha pouca fama na minha região. Era pior: as pessoas nem sabiam pronunciar a palavra Jiu-Jitsu. As técnicas nos chegavam pela revista GRACIEMAG e fitas.”
“Eu era faixa-branca e não tinha condições de pagar a passagem para ir treinar três vezes por semana. Só existia dinheiro para a ida. Eram quatro conduções para ir e voltar, e eu ia com um amigo que morava no meu bairro, Valentina de Figueiredo. Muitas das vezes, descíamos por trás sem pagar e corríamos para não ser pegos.”
“Nosso professor, Luiz Barboza, sempre estranhava. Perguntava por que estávamos tão suados e esbaforidos. Respondíamos que fazíamos questão de chegar para o treininho totalmente aquecidos.”
“Todos os dias, eu tinha o hábito de tomar meu café da manhã e ir para a beira de minha cama folhear por várias vezes minha última edição de GRACIEMAG. Tenho até hoje a coleção das revistas.”
“Meu grande sonho, que eu falava para todo mundo ouvir, é que um dia eu iria lutar no clássico Tijuca Tênis Clube, no Rio de Janeiro. Ficava imaginando como seria a praia de Copacabana, como seriam as ondas da Barra.”
“Em 2004, cumpri o prometido: lutei o Campeonato Brasileiro de faixa-marrom, e trouxe a primeira medalha de nossa equipe do Rio de Janeiro. Liderei um processo que hoje nos faz uma academia recheada de campeões nacionais e internacionais, e uma das mais respeitadas do Nordeste.”
“Tenho um lema: ‘A falta de oportunidade é injusta, mas não é invencível.’”
“Meu primeiro ídolo foi meu vizinho: Jordan Negão dos Santos. Ele me apresentou o Jiu-Jitsu. Graças a ele e a seus incentivos, mudei completamente o rumo de minha vida, e meu esporte se tornou meu estilo de vida e minha profissão.”
“No início, meu pai não entendia minha paixão pelos treinos de Jiu-Jitsu. Luiz Gonzaga Fernandes era o seu nome. Precisei treinar escondido dele por alguns anos, enquanto ele espiava minha orelha para ver se eu estava frequentando a academia. Quando ele percebeu que não tinha como evitar, se tornou meu fã número um.”
“Quando meu pai faleceu, fiquei muito mal e pensei em desistir de tudo. Entrei em início de depressão. Com a ajuda de minha mãe e dos amigos no Jiu-Jitsu consegui dar a volta por cima. Passei a canalizar a saudade do meu pai nas competições, e lutar por ele.”
“O Jiu-Jitsu me tornou mais otimista, me acalmou em inúmeras situações extremas, me deu uma capacidade de tentar entender e perdoar as pessoas que eu não tinha. Aprendi a viver bem comigo mesmo.”
“Graças aos ideais do mestre Carlos Gracie Jr incutidos à filosofia da GB, as academias aqui da região que tinham apenas alunos lutadores hoje têm mulheres, crianças, maridos e famílias inteiras treinando lado a lado, aprendendo e se exercitando juntos em nossa escola.”
“Hoje minha academia em João Pessoa e as demais filiais contam com mais de 400 atletas. Conheci diversas partes do mundo. E nunca mais calotei o ônibus ou corri de ninguém.”
>> >> Reportagem originalmente publicada na GRACIEMAG #241; assine já!
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