Em 2014, publicamos o “Dossiê do mata-leão” como reportagem de capa da GRACIEMAG #206. “Não adianta apenas envolver o pescoço do oponente”, alertava nossa reportagem. “Você precisa vedar o golpe a defesas e contra-ataques, ter sensibilidade para encontrar o momento certo do arrocho, adaptar os encaixes conforme as características físicas do adversário, entre tantos detalhes”.
Em certo ponto, o artigo ganhava um tom de curso de anatomia. “Qualquer estrangulamento funciona pela ‘lógica do torniquete’. Ou seja, o golpe interrompe a corrente sanguínea que leva oxigênio ao cérebro. Enquanto houver passagem de sangue, o estrangulamento ainda não alcançou o ajuste perfeito. Embora pareça óbvio, muitos lutadores simplesmente ignoram esse conhecimento e apertam um mata-leão como se estivessem apertando uma chave de braço, cujo funcionamento é completamente diferente. Enquanto um incide sobre a corrente sanguínea, o outro incide sobre uma articulação. Se o lutador entender as singularidades de cada uma dessas dinâmicas de ataque, ele vai aplicar melhor cada tipo de golpe, como também defendê-los com maior eficiência”.
Durante a apuração da matéria, uma de nossas fontes ainda sugeriu: “Se houver tempo para trabalhar o mata-leão, não se afobe. Intensifique o aperto gradualmente, não precisa ser um movimento explosivo, o que muitas vezes induz a posicionamentos precipitados. Vá com calma, paciente como uma mãe que bota uma criança para ninar”. A metáfora nos remete à nossa GMI supercampeã Kyra Gracie que, quando ainda era faixa-marrom já aplicava “o golpe do sono” em tantas oponentes pelas arenas do Tijuca Tênis Clube, no Mundial de Jiu-Jitsu, como você pode ver nesta imagem sensacional, registrada no ano de 2003 pelo craque da fotografia Gustavo Aragão.
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