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UFC São Paulo: Vitórias, derrotas e a renovação brasileira no Ultimate

Lyoto começou bem, mas acabou superado por Brunson na luta principal. Foto: Josh Hedges/Zuffa LLC via Getty Images

Foi uma noite infeliz em São Paulo para duas das principais estrelas brasileiras do UFC. Lyoto Machida e Demian Maia vinham ambos em busca de redenção neste UFC Fight Night, realizado na noite do último sábado, dia 28 de outubro.

Machida voltava de um longo período de suspensão por doping, após duas derrotas seguidas (Luke Rockhold e Yoel Romero). Demian vinha de mais uma frustrada disputa de cinturão, em que não havia conseguido mostrar seu Jiu-Jitsu. Voltar para o Brasil, com o apoio da torcida paulista, parecia ser o ambiente perfeito para um recomeço. Infelizmente, o tão sonhado renascimento não ocorreu para nenhum dos dois.

A noite havia começado bem para os brasileiros. Antônio Carlos “Cara de Sapato” Júnior presenteou a torcida paulista com um clássico da arte suave. Após aplicar uma queda em Jack Marshman, progrediu com calma para a montada. De lá, posturou, bateu por cima e levou um desesperado Marshman a virar as costas. Antonio rapidamente colocou os ganchos, encaixou o mata-leão e finalizou. Uma lição fundamental de Jiu-Jitsu “old school”. Para arrematar, durante a entrevista pós luta, o faixa-preta proclamou com autoridade: “Quando eu pego as costas, eu estou em casa”.

Impressionou a desenvoltura e o amadurecimento de Vicente Luque. Acostumado a definir as lutas com muita pressão nos primeiros rounds, ele vinha de derrota na decisão dos jurados contra Leon Edwards, na qual sentiu a falta de gás no último round. Contra o também explosivo Niko Price, Vicente mostrou maturidade e cadenciou o ritmo até o segundo round, quando pressionou o americano na grade e acertou uma bela sequência de golpes. Niko caiu e o Vicente fez uma veloz transição para encaixar um triângulo de mão invertido e forçar a desistência do oponente.

Rob Font contra Pedro Munhoz prometia ser uma luta equilibrada e era uma das que mais dividiam os analistas e apostadores. Font começou a luta melhor, achou a distância e encaixava uma grande quantidade de jabs. Logo quando a torcida começava a ficar preocupada, Munhoz acertou um potente cruzado e Font sentiu o golpe. Para se defender, jogou-se apressadamente em uma tentativa de double-leg contra um especialista em guilhotinas. Foi como pular de cabeça na boca de um crocodilo. Rapidamente o brasileiro encaixou o golpe da casa e finalizou Font.

Era hora das lutas principais.

Demian Maia começou bem na trocação contra o marrento Colby Colvington na luta coprincipal. Colby defendeu bem as primeiras tentativas de queda, mas parecia não haver motivo para preocupação. Entretanto, nos rounds seguintes vimos um Demian completamente fora de ajuste. Sequer tentou fazer o jogo de grade e se embolar com o adversário. Nem mesmo a meia guarda de sacrifício, com a qual raspava ou ia para as costas de quem o enfrentava. Maia ficou apenas insistindo na previsível combinação de boxe com single-leg, muito bem estudada e anulada por Colvington. Da outra vez que Demian não conseguiu fazer seu jogo de solo em disputa de cinturão (contra Anderson Silva, ainda no peso médio), voltou querendo apostar demais no boxe e não deu certo. Levou um tempo para calibrar novamente seu estilo e se reinventar no peso meio-médio. Ficamos com a impressão que a história se repetiu.

Ainda mais frustrante foi a volta de Lyoto. O “Dragão” Machida entrou ao som da trilha sonora de “Game Of Thrones” e todos esperávamos uma apresentação épica. O combate contra Derek Brunson começou com a movimentação evasiva de sempre. Contudo, a velocidade e o tempo de entrada já não eram os mesmos (talvez devido ao longo tempo parado). Em uma dessas entradas, Brunson acertou um soco brutal de esquerda e Lyoto tombou para receber uma sequencia de golpes até a interrupção do árbitro. Nosso Dragão acabou sendo abatido tal qual o Viserion da série de TV, em um momento mais triste e chocante para os fãs do que qualquer ficção.

Confira abaixo os resultados completos:

UFC Fight Night: Machida x Brunson
Ginásio do Ibirapuera, São Paulo-SP
28 de outubro de 2017

Derek Brunson nocauteou Lyoto Machida aos 2min30s do R1
Colby Covigton venceu Demian Maia na decisão unânime dos jurados
Pedro Munhoz finalizou Rob Font na guilhotina aos 4min03s do R1
Francisco Massaranduba venceu Jim Miller na decisão unânime dos jurados
Thiago Marreta venceu Jack Hermansson por nocaute técnico aos 4min59s do R1
John Lineker venceu Marlon Vera na decisão unânime dos jurados

Card preliminar

Vicente Luque finalizou Niko Price no triângulo de mão aos 4min08s do R2
Antônio Cara de Sapato finalizou Jack Marshman no mata-leão aos 4min30s do R1
Jared Gordon venceu Hacran Dias na decisão unânime dos jurados
Elizeu Capoeira venceu Max Griffin na decisão unânime dos jurados
Deiveson Figueiredo venceu Jarred Brooks na decisão dividida dos jurados
Marcelo Golm finalizou Christian Colombo no mata-leão aos 2min08s do R1

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