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Rodrigo D’angelo (Mooca JJ): “Ter toda família no tatame não tem preço”

Professor Rodrigo e Rayssa D’angelo na escola Mooca Jiu-Jitsu, em São Paulo. Foto: Divulgação

 

Nascido e criado no bairro da Mooca, em São Paulo, o faixa-preta Rodrigo D’angelo lembra até hoje de seu primeiro treininho de Jiu-Jitsu, perto de casa. “Eu achei que ia morrer embaixo daquele faixa-azul”. Quando o susto passou, a eficiência que ele sentiu na própria pele o fez curioso. De lá para a paixão absoluta pela arte popularizada pela família Gracie foi um pulo.

Hoje, o professor graduado por Ryan Gracie busca diariamente devolver, nos tatames da região, tudo que aprendeu com o Jiu-Jitsu, em aulas de defesa pessoal para crianças, mulheres e gente de todas as idades. GRACIEMAG bateu um papo com o professor GMI sobre os desafios atuais de sua academia, e sobre sua carreira no Jiu-Jitsu.

GRACIEMAG: Quando você percebeu que viveria do e em prol do Jiu-Jitsu, professor?

RODRIGO D’ANGELO: Creio que tem 20 anos. Em 2001, quando eu era faixa-azul, comecei a auxiliar meu professor na academia onde eu treinava, em São Paulo. Eu fazia então o primeiro treino das 17h30, e ajudava os aluninhos na aula das 19h. Eram tempos duros para quem queria viver somente das artes marciais, então eu trabalhava de dia, treinava, dava aulas e competia. Como muitos faixas-pretas de hoje, eu mantive essa rotina por vários anos.

Qual é a sua primeira lembrança no dojo de Jiu-Jitsu?

Eu não esqueço até hoje a minha primeira aula de Jiu-Jitsu. Foi aqui mesmo na Mooca, numa academia filiada à equipe Behring. Quem me convidou foi meu cunhado, e aceitei dar essa chance e fazer uma aula experimental. Porém, na época o sistema era mais duro. Logo no primeiro dia eu medi forças com outro aluno e, por falta de experiência, técnica e preparo físico, me senti muito desconfortável. Caí por baixo de um faixa-azul, e fiquei apavorado com claustrofobia, achei que ia morrer. Hoje em dia a primeira aula de Jiu-Jitsu evoluiu demais, e ninguém põe o aluno novo para passar aquele sufoco. Saí daquela aula e fiquei pensando em como o outro cara me deixou facilmente no maior desconforto, e creio que mesmo tendo sofrido na pele eu me apaixonei na hora pela arte suave. Quando você começa a treinar e sentir na carne sua eficiência, é difícil não se encantar. E aí não parei mais.

Na sua academia então, você faz questão de separar os alunos novos, graças àquele primeiro sufoco?

Exato, na minha academia a gente diferencia o aluno iniciante dos graduados. Acho importante a separação, para que o aluno novo respeite o tempo do seu corpo, passando por uma preparação física e técnica que dura cerca de três meses. Depois disso, ele está mais apto a começar a treinar com sparrings e lutar.

Qual foi o maior aprendizado que o Jiu-Jitsu trouxe para sua vida, e que costuma repassar aos alunos?

Sempre digo a eles: “Qualquer sonho é possível, desde que você trabalhe duro por ele”. A verdade é que o que vem fácil vai fácil também.

Por que escolheu ter uma academia na Mooca?

Sou da Mooca desde pequenininho, belo! (Risos) A Mooca é muito grande e tem um enorme potencial de crescimento, sem falar da tradição no Jiu-Jitsu. A Mooca tem bandeira, Mooca tem cores, Mooca é Mooca, belo!

E onde você vê a bandeira da Mooca e da sua escola daqui a cinco, dez anos?

Confio muito no meu potencial como professor. Treinei nas melhores equipes do mundo, fui graduado faixa-preta pelo mestre Ryan Gracie em 2007, e já são 21 anos na arte suave. Quero ver meus alunos em breve formados, a dar aulas em filiais da Mooca Jiu-Jitsu pelo mundo. Meu sonho é ver pessoas sendo transformadas pelo Jiu-Jitsu e assim transformando outras vidas, sempre através do esporte.

Como está a expectativa para a chegada do filhão?

A esposa está com o maior barrigão, mas não deixa de treinar defesa pessoal. Creio que nossa missão será a de fazer dele um lutador ainda melhor do que eu fui. Quero vê-lo com saúde para se tornar um campeão, um colecionador de medalhas. Que ele possa crescer no meio da nossa arte suave e conquistar o mundo. Ter a família comigo no tatame não tem preço, só me dá mais certeza de que o Jiu-Jitsu foi a minha melhor escolha para a vida.

Qual é a maior verdade que o Jiu-Jitsu lhe ensinou, e que você carrega como um mantra?

É a sua mente que manda no seu corpo, e tudo aquilo em que você acredita de verdade você pode alcançar. Desistir nunca será uma opção.

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