Após checar a lista de faixas-pretas inscritos para o Rio Open de Jiu-Jitsu da IBJJF, que rola nos dias 7 e 8 de abril, no Velódromo do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, nossa equipe se espantou ao não encontrar o nome de Luan Carvalho, atleta da Nova União. Isso porque a procura foi feita na divisão de peso leve, original do atleta. A surpresa veio ao avançar na lista, e encontrar Luan entre os pesadíssimos.
Conversamos com a fera, que agora está com peso na faixa entre 79 e 80kg, e nem pode pensar em subir a massa, já que no dia 12 de abril o mesmo estará em ação no ACBJJ, em disputa até 75kg. Esse e outros fatores poderiam amedrontar o levinho Luan contra caras acima de 100kg, mas a mente blindada e treinos fortes deixam o carioca confiante para encarar as montanhas do pesadíssimo, como você pode conferir no papo abaixo.
GRACIEMAG: Você é um peso leve de origem. O que te motivou a se jogar contra os grandalhões no pesadíssimo?
Luan Carvalho: Mostrar a eficiência da minha técnica. Me desafiar e botar meu Jiu-Jitsu em prática, sair da zona de conforto. Eu amo me desafiar, dominar o meu medo.
Qual é o melhor jogo para um atleta de 80kg superar os brutos acima de 100kg? Existe alguma técnica específica na manga para aplicar no torneio ou a intenção é fazer o seu jogo de sempre, só que contra atletas mais pesados?
A intenção é surpreender, testar novas armas e me superar. Eu treino diariamente com atletas mais pesados aqui na Oak Jiu-Jitsu, em Macaé, então eu testo minhas habilidades com eles, que são meu principal treino. Estou psicologicamente preparado e quero fazer dessa competição um treino, no qual eu possa esquecer a obrigação do título e e mostrar toda a minha capacidade sem pressão. Quero fazer das lutas uma situação natural, como se fosse mais um dia de treino, sem ter uma grande cobrança. O compromisso de vencer será deles. Se eu conseguir lutar como eu treino será uma grande evolução para mim, e ganhar será consequência da minha cabeça no dia, e principalmente dos fortes treinos que eu faço.
Um detalhe interessante é que o Erberth Santos, que é seu amigo e costuma treinar na sua academia quando está no Rio, figura na mesma categoria no pesadíssimo. E se vocês se encontrarem na chave? Vão lutar?
De acordo com a nossa colocação no ranking, é mais provável de nos encontrarmos apenas na final, e se assim for, iremos fechar. Mas, como eu disse, este não é o meu foco. Tenho uma luta importante nas próximas semanas, quero me soltar e fazer o meu Jiu-Jitsu luta por luta.
E qual a vantagem para você de treinar e competir com atletas maiores e mais pesados? Existe algo proveitoso no seu ponto de vista, que te torne um atleta melhor após encarar adversários deste tipo?
Acho que a técnica fica melhor. As alavancas foram aprimoradas por Helio Gracie para que ele, leve como eu, conseguisse desenvolver posições e imobilizações contra homens de mais de 100kg, mostrando a eficiência do Jiu-Jitsu. Não sou nenhum super-herói, mas do que vale treinar e não ter uma história surpreendente para contar para seu alunos e filhos, que no futuro pretendo ter? Ser campeão numa categoria muito acima da sua, conseguir brilhar no absoluto ou chegar ao ouro mundial, às vezes a probabilidade é baixa, mas o coração de um guerreiro, repleto de coragem, poucas pessoas conseguem superar.
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