Na última quinta-feira 14 de março, Ronaldo Candido, campeão pan-americano de Jiu-Jitsu na faixa-marrom, fez enfim sua primeira luta como faixa-preta. E no MMA.
O aluno de Ramon Lemos lutou no Nitrix 14, realizado em Balneário Camboriú, Santa Catarina, onde finalizou Diego Bento com um mata-leão aos 2min30s do primeiro round.
Em conversa com o GracieMag.com, Ronaldo comentou a estreia no MMA, falou do seu treininho com o campeão do UFC Anderson Silva e relembrou um ensinamento precioso de Mike Tyson. Aprenda com ele:
GracieMag: Como foi estreia no MMA, e ainda por cima com a faixa-preta na cintura? Responsabilidade pesou?
RONALDO CANDIDO: Foi só felicidade. Eu vinha treinado em pé e no chão, e no meio de uma equipe que considero minha família, a Atos/Corinthians. Uma coisa que eu aprendi foi sempre respeitar o seu adversário, e ter humildade antes e após o combate. Eu amei sair na mão no MMA.
Aposentou-se do Jiu-Jitsu, então?
Que nada. Continuo focado no MMA, mas dia 15 de abril viajo para San Diego para treinar com André Galvão e companhia para o Mundial de Jiu-Jitsu 2013! Vou dar o meu melhor lá e buscar entrar preparado para ser campeão, agora na faixa-preta. Estou sempre junto com minha equipe e família Atos.
Como se desenrolou a luta contra o Diego Bento?
Nós dois somos do Jiu-Jitsu, e viemos preparados. Acho que ele esperava que eu fosse colocar a luta para baixo logo, mas eu o surpreendi com meu boxe. Isso fez a diferença na luta. É como diz o grande Mike Tyson: ”Todo mundo tem uma estratégia até entrar o primeiro soco!”. Meu melhor momento foi logo no começo, na primeira reação dele eu entrei com um direto e depois disso executei meu Jiu-Jitsu, sempre jogando para a frente e sem perder posições. Me mantive no ataque do início ao fim.
Como você fez para finalizar no estrangulamento?
A posição começou quando cheguei nas costas dele. Ele se fechou bem, mas diferente do Jiu-Jitsu, no MMA vale socos. Entrei com uma sequência de socos e cheguei a quase nocautear. Quando o vi meio grogue, tratei de encaixar o mata-leão e encerrar o combate. Não perder posições é muito importante, pois em uma luta você só tem uma oportunidade muitas vezes. Se perde, pode terminar por baixo e derrotado. O detalhe é se manter o tempo todo no ataque e variar de uma finalização para outra, uma hora você terá sua oportunidade.
No jogo em pé, você mostrou boa desenvoltura. Como treinar para isso sem perder o tempo no chão?
Para mim é surpreendente porque tenho pouco tempo nesse meio, e já venho evoluindo muito. É resultado da dedicação. Aprendi muitos detalhes com amigos que são campeões e estão no UFC, como a fera Anderson Silva, Junior dos Santos, Hugo Wolverine. Meus professores Washington Silva, Fernando Maestro e meu pai e professor Ramon Lemos me ajudam bastante na minha parte em pé. E meus amigos da academia Champion na Bahia.
Qual é a diferença de mentalidade para uma luta de Jiu-Jitsu e um embate de MMA?
No Jiu-Jitsu você executa os movimentos tranquilamente e muitas vezes o outro cara pode amarrar a luta, mas no MMA o soco entra. Não existe firula. Você tem de trabalhar seu Jiu-Jitsu rapidamente e ao mesmo tempo dar porrada, ou seja, MMA é outro esporte, e estou começando do zero. Não pense que faixa-preta de Jiu-Jitsu é um faixa-preta de MMA. A hora que a porrada entra, meu amigo, se prepara (risos).
Qual foi seu treino inesquecível de MMA no Corinthians?
Teve um em especial, com o grande campeão Anderson Silva. Ele me ensinou muito e ainda teve a humildade de me perguntar uma posição de chão na qual ele sentia dificuldades. Aprendi muitas coisas, detalhes que fazem a diferença na hora da luta. Nem senti a mão pesada dele, pois ele me aliviou. Para mim ele é um exemplo de carisma, vitória e superação! Merece ser quem ele é hoje dentro do MMA.
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