Um dos faixas-pretas mais festejados durante o Pan de Jiu-Jitsu 2012 não estava na categoria adulto. O peso pesado Flavio “Cachorrinho” Almeida, professor da Gracie Barra San Clemente, sobrou no master, faturando o peso e o absoluto em Irvine. Cachorrinho, além dos duros oponentes, ainda precisou superar a expectativa dos torcedores, que queriam ver também o irmão Ricardo Cachorrão em ação. O GRACIEMAG.com bateu um papo rápido com o professor e um dos líderes da escola de Carlos Gracie Jr.
Como foram essas duas finais com um ex-parceiro de treinos, o Fabio Leopoldo?
Foi muito legal. Encaro com bastante naturalidade esse confronto com antigos parceiros de treino. Sempre tive um ótimo relacionamento com o Fabio e, apesar das nossas divergências, mantenho meu respeito por ele, especialmente dentro do tatame. Ele é um grande lutador. Sempre treinei muito com o Fabio e conheço bem o jogo dele. Sei que o forte dele é a meia-guarda para o lado direito. Montei um plano que deu certo, com a ajuda do meu irmão Ricardo.
O que você aprendeu com esse título absoluto, ainda mais no quintal de casa?
Cara, meu maior desafio é manter as empresas em ordem enquanto me dedico aos treinamentos. Minha jornada para o Pan comecou no início do ano, com muito planejamento e organização. A conquista não foi a vitória em si, mas eu ter conseguido entrar naquela forma física e técnica sem deixar a peteca cair na Associação de escolas GB nem nas minhas próprias escolas. Meus parceiros não só de treino mas de trabalho foram fundamentais para que eu conseguisse isso. O mais maneiro foi que todo mundo estava lá. Minha esposa, minha filha, minha equipe de trabalho, minha equipe de treino e os nossos alunos da GB San Clemente e Dana Point. Acho que a galera se identifica e vibra muito porque sabem que tenho um milhão de obrigações fora dos treinos, e ainda consegui lutar tão bem. Essa é a realidade de muitos professores da GB hoje.
Que espécie de lição, então, você deixa para os fãs e alunos com o ouro duplo?
Quero muito que meus alunos e companheiros da GB percebam que dá, sim, para manter uma boa forma física e técnica e ainda mandar bem nas nossas obrigações administrativas relacionadas ao projeto de transmitir o Jiu-Jitsu para todos, como é o lema da escola. Lutei também por eles. Para dar esse exemplo.
Como funciona você em ação e o Marcio Feitosa no córner? Pelo entrosamento diário na Associação GB, imagino que seja mais fácil. Ou não?
Cara, isso é magico! Não me considero um lutador muito inteligente (risos). Sou o cara mais da força ali na hora H. E o Marcio é brilhante na estratégia, enxerga coisas na luta de Jiu-Jitsu antes de elas acontecerem. Quando ele está no meu córner, meu desempenho é muito melhor. Ter o Ricardo lá somando foi ainda mais legal! Ricardo é tido por muitos como um dos melhores coaches de Jiu-Jitsu do mundo, e ter o apoio dele foi fundamental. Ele que fez os ajustes finais em meu jogo para eu lutar bem com o Fabio.
Seu irmão acabou não lutando. Você ficou frustrado com isso?
Fiquei sim. Mas nem tudo sai como planejado, né. Quero muito lutar o Mundial Sem Kimono no mesmo peso que ele, para a gente fechar. Quem sabe não entramos no meio-pesado adulto?
Como espectador, o que achou de não ter final do absoluto adulto no Pan 2012?
Difícil de julgar. Sim, é ruim para o público. Mas para parceiros de treino que são muito próximos é realmente complicado lutar. Cria um clima difícil na academia. Muito disso está relacionado com a maturidade dos atletas também. Rominho (Barral) e Roger (Gracie) sempre lutaram e a relação dos dois jamais se abalou. Sou a favor da luta, mas somente os atletas têm condiçã de decidir isso. No final, são eles e o público que saem perdendo quando a luta não acontece. Mas acho que já faz parte da cultura do Jiu-Jitsu e não ouvi muita insatisfação.
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