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Marcio André, Fábio Andrade e o poder do diálogo no Jiu-Jitsu

Fábio Andrade e os alunos Marcio André e Isaque. Foto: Arquivo Pessoal

Fábio Andrade e os alunos Marcio André e Isaque. Foto: Arquivo Pessoal

Após uma campanha digna no ADCC 2013, quando perdeu apenas para o eventual campeão Rubens Cobrinha, o garoto prodígio de Bangu Marcio André, faixa-marrom da Nova União, voltou a vencer um torneio da IBJJF. Campeão mundial sem kimono peso-pena no último fim de semana, Marcio conta com um mentor e um alicerce forte por trás de suas conquistas: o professor Fábio Andrade.

“Tudo foi bem estudado, e ali na hora da luta eu conseguia antecipar e prevenir o que viria contra eles, tanto no córner do Marcio como do Isaque [Bahiense], que venceu o absoluto faixa-roxa e o meio-pesado. Os garotos conseguem me ouvir bastante na hora das lutas, e o combate acaba guiado na base do diálogo”, explica Fábio, lembrando que Marcinho fez quatro lutas, com duas finalizações. O faixa-marrom decidiu não entrar no absoluto para se poupar para o GP da Jiu-Jitsu Expo, este fim de semana.

Sobre Isaque Bahiense, o bem-humorado professor lembrou que o faixa-roxa precisou vencer oito lutas, contra oponentes tão díspares como wrestlers e guardeiros.

“Fui passo a passo com ele, orientando para que não perdesse espaços e posições. Meu gordinho estava preparado e, no fim, deu tudo certo. Com menos de quatro meses de faixa-roxa, o Isaque já foi campeão mundial. Novamente, o amadurecimento dele foi acelerado por muita conversa franca, o que ajuda na hora de manter a calma”, relembra o faixa-preta, que tem um projeto social em Bangu, no Rio de Janeiro, administrado com a mesma garra que seus atletas demonstram.

“Lutar é a nossa realidade. Se não lutarmos vamos ser sempre apenas mais um. Em Bangu lutamos contra tudo: a falta de apoio, a falta de patrocínio e os adversários. Lá no bairro tem muito moleque bom que não tem oportunidade, mas com a ajuda dos meus graduados e da minha equipe um dia isso vai mudar. Estou aqui nos EUA e meus filhos Kaue e Paulo Henrique estão segurando as pontas para mim, enquanto estou fora batalhando”, aposta o boa-praça.

Sobre o futuro, de fato, pode ser que não haja quem não conheça Fábio e suas crias.

“Meu trabalho com eles sempre vai ser o mesmo, é exatamente igual desde a faixa-branca. O Marcinho, por exemplo, para mim será em breve o melhor faixa-preta peso-pena do mundo. Nem jogo essa responsabilidade em cima dele, pois estamos falando de um garoto de 19 anos, né [risos]. Mas o treino dele é sempre o mesmo, muito aspecto físico para não faltar gás, e muita repetição técnica para ele estar sempre com o tempo das posições. E, como eu sempre repito, muito diálogo para garantir um lado emocional forte como competidor”, conclui o técnico.

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