Haverá um novo rosto na categoria feminina, até 60kg, do ADCC. Kristina Barlaan foi promovida a faixa-marrom em dezembro de 2012 no pódio do Aberto de Outono da IBJJF, após uma bela campanha na roxa. Ela havia ganhado medalhas no Pan e no Mundial, mas outro motivo de orgulho é o seu trabalho de promotora. No estado do Arizona, onde mora com seu noivo Gustavo Dantas, da GD Jiu-Jitsu/Nova União, ela promove torneios chamados de Inspire, que são únicos por admitirem apenas mulheres.
Com apenas seis meses de faixa marrom, seus resultados já impressionam. Kristina ficou em primeiro lugar no Pan-americano e em terceiro no Mundial, entre as pesos-penas, e também participou do Abu Dhabi WPJJC na divisão roxa/marrom/preta, após vencer um qualificatório americano.
Seu convite para o ADCC de Pequim é evidência de sua evolução, já que se trata de um verdadeiro torneio de elite. Sendo ela uma mulher faixa-marrom americana, o convite prova que os organizadores não estão poupando esforços para buscar os mais variados talentos. Confira o que Kristina tem a dizer sobre o convite:
GRACIEMAG: O que esse convite significa para você? Está surpresa?
KRISTINA BARLAAN: Fui contatada pelo faixa-preta Arthur Ruff, que tem muitas escolas aqui pelo Arizona. Foi ele que incluiu o meu nome numa recomendação. Já foi uma honra saber que eu estava sendo considerada. Então o meu nome foi passado para o Carlos Carvalho, que é responsável pelos atletas americanos do ADCC (isso até onde eu sei, ha, ha). Depois de falar com ele ao telefone, eu ainda estava um pouco hesitante em acreditar que eu era mesmo candidata. Permaneci otimista ao longo dos últimos dias, e fui às lágrimas hoje de manhã quando recebi o email oficial. Há tantas atletas de alto nível hoje no esporte, que estou muito honrada de ser considerada digna dessa competição. Só há oito mulheres por categoria, e dezesseis no total. Eles podiam escolher qualquer uma para esses oito lugares. Posso dizer, com confiança e alegria, que estou pronta para este desafio de ser posta entre as melhores do mundo.
Você acha que o seu desempenho no World Pro fez que o seu nome ficasse tatuado na cabeça dos organizadores?
Acho que o conjunto dos meus resultados este ano ajudou a validar a minha presença. Vencer o Pan, competir no Abu Dhabi World Pro e ficar no pódio do Mundial – muita gente mataria por um currículo assim.
Com que frequência você treina e compete sem kimono?
Minha escola é concentrada no kimono, então não treino muito sem ele, mas tenho visto que a transição não é muito problemática. Às vezes esqueço quão rápida e atlética eu sou, porque eu posso desacelerar as coisas ao meu gosto de kimono. Velocidade, agilidade, e a habilidades de sair de posições apertadas são apenas algumas das características que podem me beneficiar.
Que tipo de treinamento você fará agora, e o que vai mudar em termos de preparação?
Vou ganhar peso além dos meus naturais 59 quilos vestindo o kimono, então eu terei o luxo de me focar em ficar forte e acrescentar massa muscular. Além do acréscimo no peso e no condicionamento, também planejo sufocar alguns parceiros (atuais e antigos) e amigos no Arizona e na área da Baía de São Francisco, para dar uns treinos inter-academias. Enquanto a maior parte do meu treino será feita na minha própria academia, eu creio que a melhor maneira possível de me preparar depende de ter corpos diferentes com que rolar, além dum universo amplo de conhecimento.
Você já competiu nos qualificatórios para o ADCC?
Nunca. Sem kimono, o meu currículo não tem muitos resultados; mas, no todo, sei que tenho muito que oferecer como atleta. Com ou sem kimono, tenho confiança no meu desempenho.
O que você pode dizer sobre a presença de americanos e mulheres nesses torneios prestigiosos? Pode ser sinal de evolução?
É muito boa notícia para uma mulher americana. Acho que pode ser bem fácil ignorar os americanos, considerando-se o calibre dos competidores brasileiros, europeus e japoneses. Tem havido tanto crescimento na comunidade de luta feminina nos últimos anos, e sinto orgulho de fazer parte disto. Há mais oportunidades para as mulheres competirem no mesmo palco e na mesma altura dos homens. Estamos crescendo, e é lindo e inspirador ver mulheres como grandes nomes do esporte. A evolução é constante. Mais barreiras vão caindo, e estou ansiosa para ver o que o futuro do esporte guarda para nós.
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