Com todas as suas medalhas de peso e absoluto, João Gabriel Rocha (Soul Fighters) chegou à incrível marca de 18 títulos nas 20 edições do Brasileiro de Jiu-Jitsu que a CBJJ realizou até hoje, desde 1994.
O jovem carioca, campeão desde os 4 anos, tem peças douradas nas faixas amarela, laranja, verde, azul, roxa, marrom e agora na preta – com direito a uma final épica sobre um dos monstros da Alliance, Leonardo Nogueira.
“Se não me engano, ele só não ganhou dois Brasileiros – um ele perdeu, na faixa-amarela. O outro, na faixa-laranja, ele não participou, pois o campeonato caiu no dia da entrega de faixas da nossa academia”, lembra Bruno “Tanque” Mendes, um dos líderes da Soul Fighters.
O pupilo de Leandro “Tatu” comentou com GRACIEMAG seus melhores momentos no campeonato em Barueri, e os piores também. Confira:
GRACIEMAG: Depois de 17 medalhas de ouro em Brasileiros, em todas as faixas, enfim o ouro na faixa-preta. A sensação foi diferente?
JOÃO GABRIEL ROCHA: Foi inesquecível, mas acho que no fim das contas entrei para lutar bem relaxado, como em todas as faixas. Tirei qualquer pressão de ter de ganhar, passei a confiar bastante no meu jogo e em mim. E não é fácil lutar com a cabeça boa após ter perdido no absoluto. Lutei no sábado com o Roberto Tussa (GB), um grande atleta, mas acho que no fim perdi para mim mesmo. Na hora da luta não fiz nada do que treinei e ele usou sua maior experiência ao seu favor. Depois dessa luta, porém, aprendi que na faixa-preta você tem de ser paciente. Não é mais sete ou oito minutos, são dez minutos agora.
Qual foi seu maior erro na derrota, e a grande lição então?
Eu acho que aprendi a me dosar durante a luta de Jiu-Jitsu, e jogar com o tempo ao meu favor.
Como foi chegar para a final do superpesado e olhar para o bicampeão mundial Léo Nogueira (Alliance) do outro lado?
Nem preciso falar o grande atleta que o Léo é, né? É bem completo, joga bem por cima e por baixo e é bem perigoso. Sabia que a luta seria complicada. O caminho foi impor meu ritmo do começo ao fim da luta, e levar perigo a ele sempre. Eu não podia me preocupar só com a meia-guarda dele, tinha de ficar esperto em tudo, por ele ser um lutador tão completo. Ataquei muito, mas também me defendi quando ele encaixou a raspagem dele de meia, o que me preocupou. Mas deu tudo certo. Antes da final eu só pensava que tinha tudo para ser campeão, só dependia de mim mesmo.
Qual foi o ingrediente principal na sua vitória?
A parte mental. Eu mudei a cabeça completamente do absoluto de sábado para o peso, no domingo. O fato de competir desde cedo ajuda muito, tive a cabeça boa para isso. Mas o córner é fundamental. O (Leandro) Tatu estava na minha cola o tempo todo. Ele acredita mais em mim do que eu mesmo.
O que passa na sua cabeça ao vencer o Campeonato Brasileiro em todas as faixas, desde os 4 anos?
É um ciclo realizado. Foram muitos anos de aprendizado e treino duro na Soul Fighters, na Tijuca, para chegar até aqui. Para os próximos campeonatos, no entanto, serei o João de sempre, jogando para a frente e para finalizar.
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