No último domingo 16 de março, André Galvão e Leandro Lo ajudaram a escrever mais um capítulo na história do Pan de Jiu-Jitsu da IBJJF, em Irvine, Califórnia. Campeão também no peso pesadíssimo, o professor da Atos San Diego venceu Leandro Lo, campeão dos médios, por uma vantagem.
A luta foi bastante estudada, e Galvão conquistou a vantagem após tentativa de passar a guarda de Leandro nos minutos finais. Não foi a sua única alegria, afinal André viu ainda a Atos vencer por equipes, e sua esposa Angélica Galvão ser campeã no peso leve faixa-marrom. O lutador relembrou, em papo com GRACIEMAG, as diferentes emoções vividas no fim de semana na Califórnia. Confira:
GRACIEMAG: E aí, faltou ganhar alguma coisa nesse Pan?
ANDRÉ GALVÃO: O resultado foi 100%, consegui vencer todas as minhas lutas e trouxe dois ouros para casa, um no pesadíssimo e outro no absoluto. E ainda teve o título por equipes no adulto e a medalha de ouro da esposa. Acho que atuei como sempre faço, dando o meu melhor. Acredito que sempre dá para melhorar, notei que cometi alguns erros. Devo reconhecê-los e consertá-los para estar mais bem preparado. O resultado foi o esperado mas não fiquei 100% satisfeito com a minha atuação. Gostaria também de dar os parabéns a todos os atletas da equipe Atos, por esse feito inédito para nós, na conquista do troféu adulto. Foi um grande marco e tudo isso é fruto do trabalho e dedicação de todos da equipe.
Vamos por partes: primeiro, como você lidou com o jogo do Alex Trans na final do pesadíssimo?
Em todas as minhas lutas eu estava focado o tempo todo, sempre alerta. Sabia que ele adora enrolar os outros na guarda 50/50, e eu neutralizei isso. O resto foi fluindo conforme o ritmo da luta. Fiquei atento o tempo todo, em especial quando fiquei por cima na meia-guarda, pois ele é um cara muito grande, e com isso acaba tendo uma alavanca maior na barrigada para raspar. Então botei o peso e fiquei neutro, esperando a reação dele. Consegui chegar às costas até, mas perdi a posição por tentar agarrar a gola para estrangular – eu devia ter mochilado. Trans tentou defender as costas botando na guarda 50/50 e eu saí fora. Ele aproveitou e veio para cima nessa hora, e o técnico dele gritou dois pontos (raspagem). Um dos árbitros caiu na pilha e decidiu dar os dois pontos, mas os outros dois não. Realmente não existiu guarda naquele momento. Depois fiquei por baixo e administrei o placar.
Você parece não ter sentido a mudança de categoria. Pretende voltar a atuar contra os grandões? Quem sabe no Mundial?
Meu peso é o meio-pesado, todos sabem. Ao mesmo tempo, nossa equipe tem o Guto Campos e o Keenan representando muito bem na categoria, cumpriram muito bem o papel deles. Então não posso responder isso agora, muita coisa pode acontecer até lá.
Falemos da final do absoluto, contra o Leandro Lo. A estratégia contra a guarda dele era mesmo emborcar?
Gosto de emborcar e tenho uma boa pressão ali. Eu na verdade entrei na final com a tática de dar o mínimo espaço possível para o Lo, sempre abafando. Gosto de chegar à emborcada, mas com ele não foi tão fácil. Mas no fim deu tudo certo, e eu o neutralizei no abafo. O Lo é um grande oponente, gosto dele e aprendo muito vendo as lutas dele. O cara é muito gente boa, já ri muito com ele nos campeonatos. É um ótimo adversário e foi um prazer enfrentar um cara como ele, um casca-grossa que luta tudo que é torneio! Respeito muito ele como atleta e pessoa.
A luta foi apertada, você venceu por uma vantagem apenas… Faria algo diferente na próxima?
Por ele ser um cara extremamente técnico, eu imaginava que o resultado viria nos detalhes. Acho que não lutei com ninguém com a guarda parecida com a dele, pois o jogo de guarda do Lo é único. Trata-se de um verdadeiro artista marcial. Sobre uma próxima vez, não posso prever. É uma questão de momento. Depende de como estará a minha mente, meu corpo e meu espírito na próxima. Não dá para saber.
Galvão, você já conquistou praticamente todos os títulos no Jiu-Jitsu. O que o motiva a continuar lutando?
Eu me sinto abençoado por tudo o que Deus me permitiu conquistar. Mas enquanto Deus ainda me der forças, vou continuar lutando e buscando novos objetivos. Não importa se a gente tem diversos títulos no currículo ou não. Eu realmente amo lutar Jiu-Jitsu.
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