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Flávio Cachorrinho comenta o ouro absoluto com o joelho machucado

Flávio Cachorrinho tenta pegar o braço de Vitor Oliveira. Foto: Ivan Trindade/ GRACIEMAG

Flávio “Cachorrinho” Almeida venceu seu primeiro título absoluto na faixa-preta no último fim de semana, no Chicago Open de verão. No disputado torneio da IBJJF, Flávio primeiro apertou o pescoço de Léo Iturralde (Alliance) na montada, e depois fez uma final eletrizante contra Vitor Oliveira (GFTeam), onde precisou superar um joelho torcido logo no começo do combate.

Com uma queda que o professor costuma usar desde juvenil, Flávio derrubou o mais jovem Vitor e venceu. O que ele aprendeu com a vitória cheia de dor e sacrifício? GRACIEMAG procurou saber:

GRACIEMAG: O que a conquista do seu primeiro absoluto na faixa-preta representa para você, agora um executivo da GB?

FLÁVIO CACHORRINHO: Mais do que a vitória, a conquista representa um aprendizado mediante à superação de um enorme desafio. Sempre associei sucesso ao trabalho duro e tenho consciência de que todos naquela chave de absoluto treinaram muito mais que eu. Em função disso, tive certa dificuldade de encontrar a atitude mental necessária para lutar no meu melhor. Só tinha pedreira. Apesar de não ter motivos lógicos para acreditar na possibilidade de vitória, acreditei mesmo assim, e essa foi a grande lição. Acho que muitos chamam isso de fé. Queria provar para todo mundo e para mim mesmo que é possível buscar a excelência como professor, empreendedor e atleta ao mesmo tempo. Missão cumprida. Meu mestre Carlinhos, assim como meu irmão Ricardo Cachorrão e meu cunhado Marcio Feitosa, sempre me ensinaram a lutar para a frente, em um ritmo dinâmico. Estava num bom dia e no fim tudo fluiu bem.

Você montou e pegou o professor equatoriano Léo Iturralde (Alliance) na semifinal. Como foi?

Ele me travou bem na guarda dele segurando minha lapela direita. Mas acho que ele segurou tanto que ele mesmo ficou preso e não conseguia me desequilibrar. Aguardei a oportunidade de baixar a perna direita dele e passar. Quando ele vacilou, investi com tudo na passagem. Como ele não me deu as costas, me forçou a progredir para a montada. Chegando ali, percebi um cansaço nele e fui para o estrangulamento. Aí apertei. Fiz apenas o que o Roger Gracie me ensinou [risos]. Já tomei muito amasso do Roger e obviamente aprendi muito com a fera.

Na final do aberto, seu joelho saiu do lugar no início. Como lidou com a dificuldade?

Quando o joelho estalou, achei que pudesse ter quebrado. A dor foi tanta que me deu náusea. Fiquei chateado de ver que teria de parar. Mas a médica foi legal. Perguntei para ela se podia continuar, e ela disse: “Você tem uma lesão séria no joelho, mas se sua vontade de vencer for maior que a dor, você pode”. Olhei para o Vitor que estava por ali, ele me estendeu a mão e me ajudou a levantar. Voltei, apliquei a queda e depois raspei para sair com a vitória. Foi incrível. Talvez uma das melhores e mais emocionantes que já fiz. Meu jogo entrou certinho, consegui bloquear as quedas e cansá-lo um pouco. O bicho tem muita disposição, joguei no contragolpe e deu certo.

Qual o maior aprendizado que fica depois disso tudo?

A mente é a fonte da maior força do homem. Tenha a mente de um campeão, pense e lute como um campeão.

Como treina um faixa-preta metade executivo, metade atleta?

Eu treino dez rounds com 30 segundos de descanso, com drills por cima e por baixo. Gosto sempre de treinar queda. Dá força, velocidade, condicionamento físico e equilíbrio. Além de você se tornar um professor e um competidor completo.

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