Neste mês de novembro, o atleta do UFC Wanderlei Silva completa 17 anos de sua primeira experiência no MMA. Com uma trajetória de sucesso, Wand, que está escalado como próximo técnico do “TUF Brasil” , fez 49 lutas de lá para cá, somando 32 vitórias, 12 derrotas, um empate e um no contest.
Em conversa com GRACIEMAG, o Cachorro Louco relembrou como foi pisar pela primeira vez no ringue para um combate de vale-tudo, onde foi apelidado pelo público de Ronaldinho (em alusão ao careca Ronaldo), sobre a pressão de lutar MMA, sobre seu Jiu-Jitsu e também revelando valiosas dicas para os atletas que gostariam de ingressar no esporte. Confira!
GRACIEMAG: Já fazem 17 anos da sua primeira luta de MMA. O que você lembra do dia?
WANDERLEI SILVA: Foi de surpresa. Era só pro Pelé Landi lutar, ele que era o campeão até 70kg. Era o Brasileiro de vale-tudo, em 96. O nosso técnico chegou e falou que havia pintado uma vaga no absoluto. Eu tinha 85kg na época, e o absoluto era acima de 80kg. Eu estava sem fazer nada, só treinando direto. Cheguei lá e, não sei por quê, colocaram o Dilsinho do karatê na minha primeira luta. Era um cara do Mato-Grosso, conhecido como Predador, tinha 85kg, era o terror na época, e caiu justo pra mim.
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E como foi?
Foi uma luta violentíssima. Depois que acabou o combate fomos pra área médica, pra máquina de oxigênio. A luta foi forte, quebrei dedo, abri a cara toda. Teria passado pra medicina se fosse vestibular. O pior é que não ganhei nada por essa luta, só o campeão ganhava. Não pude lutar mais, porém ganhei a torcida. O público gritava: “Ronaldinho! Ronaldinho”, e eu com a cara toda costurada. Ali senti o gosto pela coisa, pelo público, isso que me fez continuar.
O combate foi definido em pé, mas nos momentos de solo você se saiu bem. Já treinava Jiu-Jitsu na época?
Eu já treinava Jiu-Jitsu, nessa época com o Pedrão e com o Renatinho Sampaio. Era faixa-azul na época. Duríssimo, diga-se de passagem!
Teve outra luta que te fez ter o frio na barriga parecido com o da estreia?
Toda luta tem sua pressão, mas acho que quando estreei no Pride foi complicado, pois peguei um cara duro. Lutei varias vezes com a corda no pescoço, com o pessoal querendo me mandar embora. Fiz várias lutas tensas assim, mas na hora que precisa eu sou aquele que cresce, vou pra cima da adversidade. Esse lado kamikaze que o público se identifica. O pessoal é doido pelo meu estilo.
E qual é a dica do Wanderlei Silva para quem gostaria de estrear no MMA e ter uma trajetória de sucesso, tal qual a sua?
Treinar numa escola boa e treinar de tudo. Geralmente o cara é bom numa coisa, mas tem de fortalecer o ponto fraco. Por vezes só quer treinar o kickboxing, mas tem que competir no Jiu-Jitsu, em qualquer competição, porque isso vai dar bagagem pra quando for estrear no MMA. E depois que estrear, treinar mais ainda, tem que abdicar de tudo, não pode beber, fumar, usar drogas ou até sair a noite. Um atleta não pode beber socialmente, isso não existe, é zero, abstinência. O álcool é um mal muito grande. O cara só tem direito a um tipo de prazer na vida [risos].
Como é a rotina de um campeão?
Comer treinar e dormir, esta é a rotina. Lutar da mesma forma com todos os atletas que for lutar, com nome ou sem. Tem que ter a mesma seriedade e disposição. Quem estiver pensando em entrar, entre. O esporte está crescendo e precisamos de novos talentos, e digo que tem muitos grandes atletas nesta nova geração, mas estamos carentes ao mesmo tempo. Às vezes você é uma estrela e só não descobriu ainda.
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