Dan Henderson estava sentado à frente de seu filé à Nova York, olhando-o animado por dois motivos: o sabor, lógico, e o fato de que outra pessoa estava pagando.
Seu rosto mostrava satisfação. Talvez por o prato ter sido tão bem preparado. Ou talvez por ser na conta da Zuffa.
“Tenho que sacanear o Dana White de algum jeito”, brincou Henderson, acrescentando que só tinha escolhido o prato por ser a refeição mais cara no cardápio.
A mesa toda riu, e Henderson esclareceu que tem uma boa relação com o presidente do UFC. Eles não trocam mais mensagens de texto como antigamente, disse Henderson, mas tudo está bem entre os dois. Se White tem algo para dizer, ele faz contato sem cerimônias, e vice versa.
Poderíamos analisar por que os dois não se comunicam mais com a mesma frequência. Da saída de Henderson para o Strikeforce antes de a Zuffa comprar a extinta organização, até o foco de White em seus campeões mais jovens, a lista de motivos potenciais é longa.
Porém, aos 42 anos, Henderson não parece alguém que se preocupe com essas coisas. Em vez disso, o lutador de Temecula, Califórnia, concentra-se na luta à sua frente, e em quantas lhe restam.
“Vai demorar coisa de dois anos”, diz Henderson a GRACIEMAG, estimando quanto falta até sua aposentadoria. “Quero me certificar de que a academia está indo bem. Aí vou poder relaxar e me focar em treinar o pessoal, e em outras coisinhas. Suponho que terei mais tempo pra brincar com a minha escavadeira.”
Quando pisar no octógono pela próxima vez, na luta principal do UFC 161, contra Rashad Evans, o antigo campeão de duas divisões do Pride estará celebrando o décimo sexto aniversário de sua carreira profissional de MMA, iniciada em 15 de junho de 1997.
Henderson não planejava lutar por tanto tempo. Segundo um de seus treinadores, a aposentadoria poderia ter acontecido quando de sua ida para o Strikeforce. Em 2008, Gustavo Pugliese foi trazido para a equipe de Henderson na função de técnico de trocação, para ajudá-lo nas que seriam, teoricamente, as últimas lutas de sua carreira.
“Quando comecei a treiná-lo, ele disse que restavam talvez mais três lutas”, diz Pugliese. “Dez lutas depois, veja onde ele está.”
Henderson diz que é o amor ao esporte que o faz continuar. Com a idade, diz, vai ficando mais difícil, mas simultaneamente mais fácil, por conta da experiência. Ele acrescenta que se sente bem capaz de bater em marmanjos, então por que não receber para fazê-lo?
Não é segredo que Henderson está próximo do fim de sua carreira. Naturalmente, o tempo está contra ele em sua busca por cinturões, porcentagens de pay-per-view e outras coisas cobiçadas pelos melhores do MMA. Mas, acima de tudo, o competidor dentro dele é um atleta duríssimo que não deixa dúvidas nos seus aliados.
“É claro que ele está perto do fim, mas não tão perto quanto se pensa”, diz Pugliese. “Ele tem uma força mental descomunal, que é a razão de ele ainda ser competitivo, além de sua habilidade. Dan ainda tem metas no esporte, então ele vai atrasar a aposentadoria até alcançá-las.”
Na cabeça de Henderson, a escavadeira – seu brinquedo preferido – vai ter que esperar. Sua luta com Evans é a única coisa em sua mente no momento, e os planos de aposentadoria vão sendo enterrados debaixo de montanhas de repetições de movimentos na academia.
Além do filé à sua frente, Henderson saliva pela vitória em seu próximo combate, marcado para sábado em Winnipeg, Manitoba, Canadá.
“Honestamente, nem pensei no que vai acontecer se eu perder, pois nem me parece uma possibilidade”, diz Henderson. “Só estou concentrado no que vou fazer e, quando eu visualizo isso, vejo que o que não vou fazer é perder.”
Veja abaixo a primeira luta profissional de Dan Henderson, disputada no Brasil contra Crézio de Souza.
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