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Bruno Bastos: “Faixa-preta de Jiu-Jitsu não é faixa-preta de MMA”

Bruno Bastos por cima do seu adversário.

Bruno Bastos (Nova União) por cima do oponente no MMA. Foto: Steven Tippet/Divulgação

Professor de Jiu-Jitsu radicado em Dallas, Bruno Bastos resolveu dar uma chance ao MMA. O faixa-preta da Nova União fez, nos últimos 30 dias, duas lutas na modalidade. Primeiro, no dia 29 de setembro, venceu Yosif Petrov na Bulgária, com um estrangulamento aos 2min20s de luta. No último dia 20, mediu forças com o invicto Ricardo McCall, no Texas, nos EUA, e tombou.

Bruno não lutava MMA desde 2006, quando sofreu um revés para a então promessa Rousimar Palhares, o Toquinho. O carioca, em entrevista exclusiva ao GRACIEMAG.com, listou as lições que aprendeu no ringue, falou da expectativa para a Copa Pódio de Jiu-Jitsu e exaltou um concorrente em especial: Xande Ribeiro. Confira:

GRACIEMAG: O que faltou para vencer o McCall? O cara é pedreira mesmo?

BRUNO BASTOS: É. Eu até ganhei bem o primeiro round, mas não consegui trabalhar muitas finalizações. Tive uma guilhotina justa, mas fiquei com medo de cair por baixo e não arrisquei, optei por ganhar o round. No segundo assalto, tentei derrubar e fiquei travado na grade, tentando o single-leg, e para ser sincero faltou experiência: em vez de sair e tentar outra coisa, fiquei ali o round inteiro tentando derrubar, e gastei muita energia. Já voltei cansado pro round final, quando ele então defendeu minha tentativa de queda e bateu até o juiz mandar parar.

O que você aprendeu nesta luta de MMA?

Aprendi que devo controlar melhor a adrenalina. É bem diferente do Jiu-Jitsu, e quando algo não sai como o planejado, é preciso usar esse controle para criar alternativas. Faixa-preta de Jiu-Jitsu certamente não é faixa-preta de MMA (risos).

Você aprendeu muito com os treinos também?

Muito, os treinos foram ótimos. Foram sete semanas de camp, onde pude treinar trocação com o veterano do UFC Paul Buentello, depois mais duas semanas com meu faixa-preta Stanislav Nedkov, onde trabalhei de tudo mas com ênfase no wrestling. Nas últimas duas semanas, passei ajustando meu Jiu-Jitsu com meu irmão Ricardo.

Você não lutava MMA desde 2006. Como avalia esse retorno?

Na Bulgária, ganhei por finalização no primeiro round, e depois lutei no Texas. Juntando as duas lutas, acho que o saldo é positivo, porque passei por situações que me tornaram um melhor treinador para meus alunos, além de poder usar o que aprendi nas próximas lutas. Quero lutar novamente ano que vem. Claro que seria ótimo chegar ao UFC, Bellator, mas o objetivo mesmo é ser um artista marcial melhor e mais completo, para poder passar isso adiante. Acho que vou competir para sempre. Foram vocês do GRACIEMAG.com que começaram a me chamar de Highlander, né (risos).

Em janeiro, você vem ao Rio para a Copa Pódio de Jiu-Jitsu. O que pretende ao enfrentar Xande e a nova geração de pesos pesados?

Olha, eu estou ficando velho… Mas certamente é uma honra estar entre os melhores competindo. Ano que vem completo 23 anos de Jiu-Jitsu. O Rodolfo vai completar 23 de idade… E tem o João Gabriel, que é ainda mais novo. Conseguir estar nesse nível depois de tanto tempo, ser reconhecido como um bom lutador, isso já me deixa muito feliz. Se você parar para pensar, fui convidado para os ADCCs de 2005, 2007, 2009 e 2011, fui convidado para a Copa Pódio. Tenho feito um trabalho bom, correto e por isso estou sendo recompensado em lutar ao lado desses grandes como Xande Ribeiro, o melhor competidor da história na minha opinião. Ninguém ganhou tanta coisa quanto ele! Então me vejo pronto para fazer História no dia 13 de janeiro. É assim que me vejo nesse card.

O que você está programando para o resto da temporada?

Vou lutar o Mundial Sem Kimono, dias 3 e 4, e o Long Beach Open, dia 8 de dezembro, para tentar pontuar no ranking da IBJJF e entrar no Pro League. Eu não quero ficar fora dessa iniciativa da IBJJF de criar um evento que remunere os atletas, depois de tantos anos de reivindicações da galera. Também quero pegar essa sequência e chegar mil por cento na Copa Pódio. O Mundial Sem Kimono é importante, pois ano que vem é ano de ADCC, e quero lutar uma última vez.

Como seu irmão Ricardo fez para voltar tão bem, chegando à final do absoluto Master contra o Xande? Tem algum segredo?

Ele simplesmente lutou como treina. Ele sempre foi considerado a grande promessa da Nova União, mas por motivos que a vida coloca em nossa frente, somente agora ele está mostrando seu potencial. E posso dizer que isso tudo foi somente a metade. Ele foi prata desta vez, mas ano que vem vai brigar pelo título no Mundial adulto. Ele está apenas com 30 anos e ainda tem pelos menos mais três em alto nível se continuar se cuidando como está agora. Estou muito orgulhoso dele. O pessoal sabe que ele se apresentou bem, mas ainda não está 100% preparado. Podem aguardar, não é promessa de irmão não.

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