Escalado mais uma vez na Copa Podio, em duelo contra Roberto Cyborg em Manaus, o heptacampeão mundial Alexandre Ribeiro está completando este ano 16 anos como faixa-preta. O professor da Ribeiro Jiu-Jitsu explicou, em recente artigo de capa em GRACIEMAG, o que o leva a seguir na carreira de competidor.
“A vida é feita de desafios e emoções, e eu certamente amo o Jiu-Jitsu demais. Vivo o Jiu-Jitsu em todos os momentos da minha vida e aplico os fundamentos morais e técnicos no dia a dia, e, para mim, competir é uma forma de me aprimorar mais e descobrir sentimentos em diversas
fases da vida. Nunca competi por obrigação, sempre fiz porque gosto de participar da festa. Nas competições, nunca tive o objetivo de vencer, e sim de dar o meu melhor e ser o mais
perfeito possível dentro da minha técnica naquele dia”, explicou.
E o que passa na mente de um grande campeão, no dia da batalha?
“Sempre procuro pensar: ‘Vou estar hoje no meu melhor, e se isso for o suficiente para ser campeão, assim serei’. Sempre acreditei nisso e na técnica do meu Jiu-Jitsu. Outro aspecto é mostrar que o meu Jiu-Jitsu não tem limites e nem idade, e que ainda posso provar isso contra gerações chegadas depois da minha”, completou.
A equipe GRACIEMAG perguntou ao professor nascido em Manaus qual seria o maior erro que se pode cometer ao aprender Jiu-Jitsu. Xande foi rápido:
“O maior erro é querer aprender as ‘posições da moda’ antes do fundamental, do básico. O básico para mim no Jiu-Jitsu não é uma sequência de posição em si, mas uma ideologia. Primeiro deve-se aprender a se movimentar, a sobreviver e então a se defender ou escapar. Muitos lutadores de hoje são ótimos nas guardas modernas e passagens fantásticas, mas quando eles têm a guarda passada e são montados, perdem toda a qualidade e o refino técnico. Sou totalmente a favor da criatividade, desenvolver jogos e posições, mas nunca negligenciando as posições mães do Jiu-Jitsu. Saber abrir uma guarda, sair do cem-quilos, montada e tirar o adversário das costas são condições fundamentais a qualquer bom praticante da arte.
Como deve ser a mente de um praticante completo, para aprender o Jiu-Jitsu pleno?
“Primeiramente tem que se perder a ideia do ponto, vantagem e sim aplicar o objetivo filosófico da arte: meu objetivo é ganhar territórios – isto é, a posição. E a partir daí me ater ao erro e à
abertura de finalizações. Tendo isso em mente, você perde o pensamento barato e egocêntrico da ideia de “Oba, ganhei o ponto”. É preciso pensar em passar e DOMINAR. Ao dominar, EVOLUIR até a finalização ou ao próximo território. E assim vai”, ensinou, antes de completar:
“O principal é entendermos que o Jiu-Jitsu começa de uma ideia, de uma meta, um sonho, e cabe a nós torná-lo realidade. Numa época da minha vida, eu quis provar um ponto para mim mesmo: decidi que ia montar em todos os meus adversários nas disputas. E consegui, de 2004 a 2008 montei em 80% de meus adversários, inclusive muitos campeões mundiais – e finalizei vários da montada. Perdi, claro, algumas lutas e também sofri montadas também, mas provei meu ponto. E, na mesma época, veio o Roger Gracie para reafirmar a minha ideia, e montou e finalizou os outros 20% que eu não montei. E antes de nós veio meu irmão Saulo, e antes o Rickson. Creio que eles tinham esses mesmos ideais: ganhar posse, dominar e finalizar. Claro que nem todos terão o talento ou a técnica para tal, estou apenas relatando a ideia que funciona para mim; espero que muitos que estiverem me lendo plantem essa ideia, e, em breve, seremos capaz de ver muito mais montadas, pegadas de costas e cem-quilos, e
menos puxadas duplas, bundas para cima e 50/50”, concluiu.
Para ler as melhores entrevistas com os supercraques do Jiu-Jitsu, leia GRACIEMAG.
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