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As lições do GMI Rodrigo Cavaca ao treinar Vitor Belfort para o UFC

Amigo e treinador, Rodrigo Cavaca relembra o que aprendeu ao trabalhar com Belfort. Foto: Reprodução

Texto: Rodrigo Cavaca

* Entre para o time GMI! *

Eu estava em casa num domingo qualquer, quando recebi uma mensagem pelo Whatsapp. Era o Vitor Belfort me convidando para participar de um camp de treinamento dele, antes da disputa de cinturão contra o então campeão Chris Weidman.

Estava incrédulo, sem acreditar muito no chamado, ao mesmo tempo em que fiquei feliz demais. O mais especial de tudo foi que eu vinha de um momento pessoal e profissional bem difícil na minha vida, e isso acabou me motivando muito. Acabamos acertando rapidamente todos os detalhes e fui para a Flórida, para passar quase dois meses.

Nesse período em 2015 que estive nos EUA com o Vitor, aprendi muito com os grandes técnicos e atletas que estavam envolvidos com o camp, mas a verdade é que Belfort me ajudou muito mais do que eu a ele. A gente ainda não se conhecia muito bem, mas quando contei que estava passando por problemas, Vitor me levou para sua casa, para dentro de sua família e para os cultos de domingo, e isso tudo me ajudou muito a enfrentar o difícil momento que eu passei. Com a ajuda do Vitor, pude então perceber que o buraco em que eu estava era apenas uma provação para testar minhas forças, e consegui me reerguer.

Antes desse camp, o contato mais próximo que tive com o Vitor havia sido num treino no Rio de Janeiro, quando fui acompanhar Gilbert Durinho na academia de Belfort, antes de uma edição da Copa Podio. O Vitor apareceu e logo pôs o kimono para treinar conosco, e ficamos algumas horas trocando informações técnicas sobre Jiu-Jitsu. Ele, como sempre, fez várias perguntas, demonstrando a mente curiosa e incansável própria dos grandes campeões. Uma cabeça sensacional, sempre com sede de aprender coisas novas.

Muitas pessoas criticam o Vitor sem conhecê-lo propriamente. Logicamente, todos os seres humanos têm defeitos, mas pude testemunhar muitas de suas qualidades. Ao conhecer esse lado pessoal e profissional de um cara de quem eu já era fã, só pude me tornar mais ainda do guerreiro que Vitor sempre foi.

Depois do camp, seguimos nos falando de vez em quando pela internet. Uma vez, quando sua luta contra Uriah Hall foi cancelada, mandei uma mensagem para dar apoio. Ele me surpreendeu mais uma vez, mostrando-se forte no momento e dizendo que tudo o que acontecia tinha um motivo, e que já começava a pensar numa luta verdadeiramente à altura: uma despedida contra o Lyoto Machida (outro grande ser humano que admiro), que seria um evento especial para ele e que no fim das contas viraria realidade, e logo no Rio de Janeiro.

Obrigado, Vitor, por construir um dos maiores e mais longevos legados do esporte mundial – seu nome estará guardado para a eternidade no coração dos fãs, e principalmente, no coração dos amigos.

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