As cenas fortíssimas de luta que o deputado José Mentor tenta expulsar da TV

Galvão e o comentarista Belfort na primeira transmissão do UFC na Globo: tentativa de proibição. Foto: Divulgação.

Primeiro, é bom deixar claro. A chance de o MMA ser banido da TV aberta é a mesma de Chael Sonnen nocautear Anderson Silva no UFC 148: é mínima, mas existe.

Seja como for, o projeto de lei criado pelo deputado José Mentor (PT-SP) grudou na mídia igual carrapato, e o maior site de Jiu-Jitsu do país, a pedido de seus leitores, informa sua posição sobre o assunto.

Concordamos com o jornalista Juca Kfouri quando ele escreveu que “a tentativa do deputado do PT de São Paulo, José Mentor, em proibir a transmissão das lutas beira a simples insanidade autoritária”, opinião que outros faixas-vermelhas do jornalismo como Alberto Dines e José Trajano mantém.

O projeto criado em 2009, que está sendo analisado pelo ministério de Ciências e Tecnologias, traz outro grande engano. Ao procurar vetar o MMA nas TVs abertas, em qualquer horário, o deputado fala em banir todas as “lutas marciais não-olímpicas”.

Sim, lutas não-olímpicas, modalidades ferozes e ameaçadoras como as que o leitor vê a seguir, se tiver estômago.

Pan Kids 2012, Califórnia

Para Mentor, as lutas, com exceção das olímpicas, precisam ser afastadas dos olhos do público por serem “desumanas”. Pode ser. Mas para não cair no erro do deputado e generalizar, fomos buscar o significado do que seria uma atividade desumana.

Já que em Brasília os conceitos andam meio flexíveis demais, apelamos assim para a clássica filosofia. Acompanhe o que diz o escritor e professor de filosofia Pablo Capistrano, por exemplo, em seu livro “Simples filosofia”, de 2009, mesmo ano do projeto de lei:

Capoeira, Brasil

“Em seu livro ‘Ética’, Aristóteles mostra que nós apenas somos humanos quando somos justos e que perdemos nossa humanidade quando não conseguimos saber a medida justa de nossas ações.”

Calma, o professor explica: “Quando alguém rouba, mata, recebe propina ou liga o som do carro a uma altura indecente está tomando para si mais do que lhe cabe dos bens sociais. Está sendo mais rico, mais livre, tendo mais vida e poder do que merece. Isso implica, por outro lado, que alguém vai se tornar menos rico, menos livre, com menos vida e mais frágil do que merece.”

Fica a reflexão. Será que é a luta ou o MMA na TV que faz um país desumano, nobre deputado? Não seria melhor regulamentar, buscar grades de horários, e não vetar ou censurar? Deixemos o leitor com mais uma cena brutal, enquanto refletimos.

Karatê, EUA

http://www.youtube.com/watch?v=QdvdUJZaKX8