Como tornou-se frequente em 2011, o UFC é assunto nas páginas de jornal de hoje. Mas não na seção de esportes. Nesta quarta-feira, a coluna de Ancelmo Góis, em “O Globo”, informa que a promotora Cláudia Condack instaurou inquérito contra a organização do UFC Rio 134, após os ingressos vendidos pela internet terem se esgotado em apenas 74 minutos.
A promotora desconfia que o evento, marcado para agosto, não disponibilizou a quantidade de ingressos prometida ao público.
Comprar ingressos no Rio de Janeiro para eventos (especialmente esportivos) é um caos, e é ótimo que a promotoria investigue sempre, que apure se a fatia de ingressos que cabe às agências de turismo é justa, que confirme se o banco que oferece a pré-venda segue os procedimentos corretos.
Vale no entanto lembrar números recentes do show do presidente Dana White. O UFC 129, em abril em Toronto, que atraiu 55 mil fãs ao Rogers Centre, viu 12 milhões de dólares em ingressos evaporarem em 40 minutos. Seria interessante conferir se as autoridades canadenses perceberam algo estranho por lá, ou aceitaram que o culpado principal do “sumiço” de ingressos é o sucesso do show e a procura pelo público consumidor, capaz de comprar pacotes de pay-per-view e de seguir Dana White no Twitter aos milhões.
No Rio, a HSBC Arena era mesmo a melhor opção – melhor, maior e mais moderna, com capacidade maior que o Maracanãzinho (que ainda tem o Maracanã em obras do lado) e o Miécimo. A venda pela internet, numa cidade de cambistas e fura-filas, pode não ser a ideal, mas também pareceu o meio mais eficiente neste caso.
Agora, se alguém ainda tem dúvidas do sucesso que o UFC faz no Rio, pode bater um papo com Christian Ramos, 37 anos, ou Izaura Wang, fãs capazes de pagar mais de 2 mil dólares para assistir a um evento – passagens, ingressos e estadias incluídos, sejam estes em Boston, Nova Jersey ou Toronto.
Dois sortudos, mas nem tanto: Christian não conseguiu comprar o UFC Rio pela internet, nem o UFC 129 em Toronto, e acabou apelando para ingressos com ágio. “É um estresse, mas a energia do evento compensa tudo”, diz ele. “O crescimento do MMA pode transformar o Brasil. Precisamos de um esporte que ensine desde cedo respeito, humildade, dedicação, disciplina, trabalho árduo, e que possa ser praticado por qualquer classe social, peso ou idade”, completa Izaura, fã desde o Ultimate 1 e que fez até um samba para o UFC.
Agora, se alguém ainda tem dúvidas do carinho e respeito que o UFC tem pelos fãs, pode conversar com o canadense Mika Halinen, 26 anos. Nas vésperas do show em Toronto, Mika caminhava pela feira do UFC sem esperanças de ver as lutas de GSP, José Aldo, Randy Couture e Lyoto Machida. Até que o lutador Josh Koscheck passou por ele, reparou em sua camiseta da Dethrone, sua patrocinadora, e pôs em suas mãos dois ingressos de cortesia.
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